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São Paulo, terça-feira, 09 de dezembro de 2003

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NO AR

Tolerância

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

- Lula estancou a queda de sua avaliação e do governo.
Era a CNT, sobre a pesquisa que apresentou Lula e o governo com números estáveis. E isso apesar de os entrevistados apontarem elevação no desemprego e até na corrupção.
Talvez seja obra, em parte, de Duda Mendonça, já que a pesquisa foi feita num período de extensa exposição lulista na TV, semana passada.
Talvez seja obra da cobertura agradável -agora como na era FHC- da rede hegemônica.
Mas o marqueteiro mágico e a rede hegemônica não têm como agir sem um bom produto para vender. É Lula, com sua mística, suas gafes e tudo o mais, quem segura a avaliação.
Como disse a CNT, persiste a "tolerância com o presidente". Não se sabe até quando.
 
Os entrevistados vêem aumento da corrupção, mas o destaque não é para o Executivo, e sim para o Judiciário, como o "maior foco de corrupção".
Má notícia para o dia escolhido pelo presidente do Supremo, Maurício Corrêa, para elevar a imagem do Judiciário.
A rede hegemônica fez sua parte, como sempre faz, dizendo coisas como:
- Quem não se lembra do risco do apagão? Foi o Supremo que deu a palavra final sobre o racionamento, ao considerar as regras constitucionais.
E no impeachment "o Supremo confirmou a decisão do Congresso de cassar os direitos políticos de Collor".
Sobretudo, a Globo abriu os microfones para Corrêa, que aceitou a reforma do Judiciário, mas só depois de se "introduzir uma sistemática no nosso Código de Processo para que a Justiça seja mais rápida".
Em outras palavras:
- Postula-se a criação de controle externo, mas eu acho que o importante não é essa reforma.
É a tal "sistemática". Corrêa seguiu no discurso para CBN e rádio Bandeirantes. Outros ministros, de níveis diversos, ecoaram na Band e na Jovem Pan, entre outras.
É Duda Mendonça fazendo escola em todos os poderes.
 
Para azar de Corrêa, seu dia veio logo depois de o principal acusado na Operação Gafanhoto ter sido solto pela Justiça. E depois de a principal acusada pelas mortes no Pará ter sido solta pela Justiça.
Sobre os dois casos, disse o Jornal Nacional, sábado:
- Ele foi recebido com festa por correligionários... Ela saiu escondida e seguiu para um hotel de luxo em Belém. E deixou o Pará.


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