São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Peixeira

A escalada retórica de Lula contra os adversários da CPMF atende a uma necessidade de momento -a hora do plenário se aproxima, e os votos ainda não são suficientes-, mas também sinaliza o que está por vir caso o governo seja derrotado no Senado. Nas palavras de quem o conhece bem, o presidente resolveu "mostrar os dentes" desde o lançamento do chamado PAC da Saúde, na quarta, e não recolherá as armas se a prorrogação do imposto naufragar. Pelo contrário.
Enquanto senadores da oposição respondem com frases beligerantes, os tucanos pró-CPMF, em especial os presidenciáveis José Serra e Aécio Neves, temem que a eventual derrota, segundo Lula "contra os pobres", venha a assombrá-los no palanque de 2010.

Vem cá. Varia muito a receptividade dos senadores tucanos aos apelos pró-CPMF dos governadores do partido. Alguns cortam a conversa de saída. Mas há quem chegue a dizer: "Se você me pedir...".

Solidário. Para quem quer dizer não, vale qualquer argumento. Um senador do PSDB disse a um governador do partido que não poderia "atrapalhar o Expedito". Como assim? É que o ex-tucano Expedito Júnior (PR-RO) negocia seu voto com o governo em troca da federalização de uma dívida do banco estadual de Rondônia. Se o PSDB comparecer com seus votos, cai o valor de mercado do colega.

Fênix. O deputado Valdemar Costa Neto (SP), que se mantém discreto desde o escândalo do mensalão, está à frente do trabalho de convencimento dos senadores do PR que ainda resistem à CPMF.

Zerinho. O Planalto reabriu a licitação para a compra de uma nova faixa presidencial, no valor de R$ 50 mil. É a que Lula promete passar ao sucessor, em 1º de janeiro de 2011.

Com escala. A programação internacional de Lula prevê um mix ideológico em janeiro, quando presidente irá ao Fórum Econômico Mundial, na Suíça, e a Cuba.

No muro. Aliado de Marta Suplicy e presidente eleito do PT-SP, Edinho Silva enviou carta recheada de elogios a Jilmar Tatto, finalista na disputa nacional. Mas nada de declarar seu voto.

A arte da guerra. Um soldado de Ricardo Berzoini, que perdeu para o martista Jilmar Tatto no primeiro turno da eleição interna do PT em São Paulo, explica por que, em seu entender, a ex-prefeita será obrigada a concorrer em 2008 na capital: "Quem conquista governa. Se ela não for candidata, prejudicará seus próprios aliados".

Prós e contras. A disputa entre Miguel Rossetto e Maria do Rosário pela vaga do PT na sucessão em Porto Alegre pode ser resumida assim: o ex-ministro tem mais apoio dentro do partido, mas não dá para a saída com a deputada no quesito intenção de voto.

Asfixia. José Sarney pediu um favor especial aos bons amigos do DEM: não quer que o partido aceite seu arquiinimigo José Reinaldo. O ex-governador do Maranhão, hoje no PSB, procura plataforma melhor para se lançar candidato à Prefeitura de São Luís.

Ponte. A Força Sindical vai aproveitar o lançamento nesta semana da CTB, dissidência da CUT ligada ao PC do B, para tentar uma aproximação de olho em 2010. A central comandada por Paulo Pereira da Silva (PDT) aposta numa fusão que daria "suporte social" à candidatura presidencial de Ciro Gomes (PSB).

Surpresa! O prefeito de Juiz de Fora, Alberto Bejani, anunciou que pagaria o décimo terceiro do funcionalismo com o dinheiro de uma doação. A oposição foi conferir e descobriu que o petebista havia transferido todas as operações de pagamentos do município para o Itaú. O banco, em contrapartida, "doou" R$ 13 mi. O caso está no Tribunal de Contas de Minas Gerais.

Tiroteio

Se o Michel Temer acha que eu sou o único problema no caminho de Sarney e que isso é pouco, então é só meter a cara.


Do líder da bancada PSDB, ARTHUR VIRGÍLIO , sobre sua oposição praticamente solitária à articulação que pretende instalar José Sarney na presidência do Senado.

Contraponto

Necessidade especial

Na década de 50, quando era deputado federal pelo PSD, Tancredo Neves tinha entre os colegas de bancada Crisanto Muniz, seu amigo desde a infância.
Certa vez, enciumado com as freqüentes conversas entre Tancredo e o também deputado Ernani Maia, do PTB, Crisanto resolveu tirar satisfações:
-Estou tentando falar com você faz tempo e não consigo. Já o Ernane você recebe todo dia!
Tancredo explicou com tranqüilidade:
-Eu sei. É que ele é doido, e você não. E os doidos precisam sempre de muita atenção...


Próximo Texto: Em São Paulo, Alckmin cai e disputa liderança com Marta
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.