São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

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Apoio de governo a Garibaldi depende de votos para CPMF

Caso Sarney não queira disputar presidência do Senado, potiguar terá o apoio de Lula se obtiver votos para prorrogação da CPMF

Governo mobiliza tropa de ministros e governadores para tentar reverter votos na própria base e entre os senadores de PSDB e DEM

VALDO CRUZ
SILVIO NAVARRO

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Caso fracasse a operação para fazer do senador José Sarney (PMDB-AP) o novo presidente do Senado, o governo Lula pode apoiar a eleição do peemedebista Garibaldi Alves (RN) em troca do voto, pela CPMF, do aliado rebelde Geraldo Mesquita (PMDB-AC).
Essa articulação pode ser colocada em prática principalmente se a contabilidade oficial mostrar a falta de um voto na véspera da votação no Senado. Mesquita é tratado nos corredores da Casa como "cabo eleitoral" de Garibaldi.
O temor do Planalto de não conseguir os 49 votos necessários era tanto que o ministro José Múcio (Relações Institucionais) trabalhou ontem no Palácio do Planalto para fazer a última ofensiva sobre os senadores e entregar hoje a Lula uma planilha sobre quais os votos o governo pode contar para a votação de depois de amanhã.
Ele disse que há "pendências estaduais" a serem resolvidas, mas que elas só serão analisadas caso o governo assegure os R$ 40 bilhões do tributo. Ele afirmou ainda que a liberação de verbas para as emendas dos parlamentares ao Orçamento e a nomeação de apadrinhados políticos são fatos "normais da democracia".
A conta do governo previa na sexta-feira que somente 46 votos estão assegurados para prorrogar a CPMF -três a menos do que o mínimo necessário. Nesse cenário, caso dê certo a pressão sobre César Borges (PR-BA) e Romeu Tuma (PTB-SP), faltaria um voto. Sem apoio no PSDB e no DEM, restaria o voto de Mesquita. Na base aliada, apenas dois votos são considerados irremediavelmente perdidos: Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR).
Na reta final, o governo luta até pelo voto de Mão Santa (PMDB-PI), que tem discursado diariamente contra a continuidade da CPMF. A estratégia foi acionar o irmão do senador, Antônio José de Moraes Souza, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Piauí.
O governo acredita que terá sucesso nas negociações com os governadores tucanos, a quem mostrou nova proposta que prevê aumento de repasse de verbas à saúde, além de atendimento de pedidos estaduais.
Com a ajuda de José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), o presidente Lula ainda sonha com o apoio de, no mínimo, cinco senadores -Lúcia Vânia (GO), Sérgio Guerra (PE), Cícero Lucena (PB), João Tenório (AL) e Eduardo Azeredo (MG).
No DEM, o governador Blairo Maggi (PR-MT) trabalha os votos de Jayme Campos (MT) e Jonas Pinheiro (MT). Foram colocados na mesa perdão à divida estadual e blindagem a indicados políticos. Outro voto pleiteado é o de Adelmir Santana (DF). O voto de Expedito Júnior (PR-RO) é considerado incerto, mas o governo aposta que ele votará favorável à CPMF por pressão do ministro Alfredo Nascimento (Transportes), liberação de cargos no Dnit de Rondônia e repasse de terras federais para o Estado. Além disso, haveria eventual interferência para que ele não tivesse o mandato cassado no processo que enfrenta na Justiça Eleitoral.

PLANO B
Ontem, em Guarulhos (SP), o ministro da Justiça, Tarso Genro, contrariou o presidente Lula e disse que o governo tem plano B caso a CPMF não seja aprovada. "O plano B vai ser reduzir os investimentos nas cidades e nos Estados."


Colaborou RANIER BRAGON , da Sucursal de Brasília, e ANDRÉ CARAMANTE, da Reportagem Local


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