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Apoio de governo a Garibaldi depende de votos para CPMF
Caso Sarney não queira disputar presidência do Senado, potiguar
terá o apoio de Lula se obtiver votos para prorrogação da CPMF
Governo mobiliza tropa de
ministros e governadores
para tentar reverter votos
na própria base e entre os
senadores de PSDB e DEM
VALDO CRUZ
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Caso fracasse a operação para fazer do senador José Sarney
(PMDB-AP) o novo presidente
do Senado, o governo Lula pode
apoiar a eleição do peemedebista Garibaldi Alves (RN) em
troca do voto, pela CPMF, do
aliado rebelde Geraldo Mesquita (PMDB-AC).
Essa articulação pode ser colocada em prática principalmente se a contabilidade oficial
mostrar a falta de um voto na
véspera da votação no Senado.
Mesquita é tratado nos corredores da Casa como "cabo
eleitoral" de Garibaldi.
O temor do Planalto de não
conseguir os 49 votos necessários era tanto que o ministro
José Múcio (Relações Institucionais) trabalhou ontem no
Palácio do Planalto para fazer a
última ofensiva sobre os senadores e entregar hoje a Lula
uma planilha sobre quais os votos o governo pode contar para
a votação de depois de amanhã.
Ele disse que há "pendências
estaduais" a serem resolvidas,
mas que elas só serão analisadas caso o governo assegure os
R$ 40 bilhões do tributo. Ele
afirmou ainda que a liberação
de verbas para as emendas dos
parlamentares ao Orçamento e
a nomeação de apadrinhados
políticos são fatos "normais da
democracia".
A conta do governo previa na
sexta-feira que somente 46 votos estão assegurados para
prorrogar a CPMF -três a menos do que o mínimo necessário. Nesse cenário, caso dê certo a pressão sobre César Borges (PR-BA) e Romeu Tuma (PTB-SP), faltaria um voto. Sem
apoio no PSDB e no DEM, restaria o voto de Mesquita.
Na base aliada, apenas dois
votos são considerados irremediavelmente perdidos: Jarbas
Vasconcelos (PMDB-PE) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR).
Na reta final, o governo luta
até pelo voto de Mão Santa
(PMDB-PI), que tem discursado diariamente contra a continuidade da CPMF. A estratégia
foi acionar o irmão do senador,
Antônio José de Moraes Souza,
presidente da Federação das
Indústrias do Estado do Piauí.
O governo acredita que terá
sucesso nas negociações com
os governadores tucanos, a
quem mostrou nova proposta
que prevê aumento de repasse
de verbas à saúde, além de atendimento de pedidos estaduais.
Com a ajuda de José Serra
(SP) e Aécio Neves (MG), o presidente Lula ainda sonha com o
apoio de, no mínimo, cinco senadores -Lúcia Vânia (GO),
Sérgio Guerra (PE), Cícero Lucena (PB), João Tenório (AL) e
Eduardo Azeredo (MG).
No DEM, o governador Blairo Maggi (PR-MT) trabalha os
votos de Jayme Campos (MT) e
Jonas Pinheiro (MT). Foram
colocados na mesa perdão à divida estadual e blindagem a indicados políticos. Outro voto
pleiteado é o de Adelmir Santana (DF). O voto de Expedito Júnior (PR-RO) é considerado incerto, mas o governo aposta que ele votará favorável à
CPMF por pressão do ministro
Alfredo Nascimento (Transportes), liberação de cargos no
Dnit de Rondônia e repasse de
terras federais para o Estado.
Além disso, haveria eventual
interferência para que ele não
tivesse o mandato cassado no
processo que enfrenta na Justiça Eleitoral.
PLANO B
Ontem, em Guarulhos (SP), o
ministro da Justiça, Tarso Genro, contrariou o presidente Lula e disse que o governo tem
plano B caso a CPMF não seja
aprovada. "O plano B vai ser reduzir os investimentos nas cidades e nos Estados."
Colaborou RANIER BRAGON ,
da Sucursal de Brasília, e ANDRÉ CARAMANTE,
da Reportagem Local
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