São Paulo, terça-feira, 09 de dezembro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Swap no PAC

Está no forno um decreto que, na prática, trocará algumas obras do PAC cuja execução patina por outras, hoje fora do programa-vitrine do governo, que estão em estágio avançado. As primeiras perderão dotação orçamentária em benefício das segundas.
Para o Planalto -e em especial para a presidenciável Dilma Rousseff-, a vantagem está em otimizar resultados, aumentando a quantidade de "selos verdes" a exibir no próximo balanço do programa. Para outros ministros, é a chance de incluir obras do interesse de suas bancadas na lista mais protegida das tesouradas no Orçamento e das incertezas da crise.



Veja bem. A bancada ruralista pressiona o governo a dobrar o R$ 1,5 bilhão previsto no Orçamento de 2009 para a política de preços mínimos de produtos agropecuários. A razão alegada é a crise global.

Não fecha. Técnicos da Comissão de Orçamento concluíram que é impossível atender ao pedido dos ruralistas. A menos que se corte em áreas como educação e saúde.

Cimento. A visita de congressistas, na sexta, a áreas destruídas em Santa Catarina deve render mais R$ 150 mi no relatório do Orçamento para a reconstrução de casas.

Censo 1. Segundo relatório do Incra sobre a reserva indígena Raposa/Serra do Sol, cujo destino o Supremo volta a julgar amanhã, há 190 famílias à espera de assentamento. Do total, 140 reivindicam lotes superiores aos cem hectares permitidos no programa de reforma agrária e agricultura familiar. Ou seja, podem ser considerados "produtores de médio porte".

Censo 2. O documento diz que, desde o final de 2006, foram atendidas 131 famílias, das quais 66 se enquadraram nas regras do programa. Mas os números foram caindo: só 49 apresentaram a documentação exigida pelo Incra e, desse grupo, apenas 27 aplicaram o crédito corretamente.

Trincheira. De acordo com o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), 40 índios irão ao STF acompanhar a sessão.

Cofre. Líder dos arrozeiros que se opõem à reserva, Paulo César Quartiero gastou R$ 72 mil do próprio bolso na tentativa de se reeleger prefeito de Pacaraima. Recebeu R$ 20 mil do DEM nacional. O vencedor, Altemir Campos (PSDB), levantou R$ 66 mil.

Mais um. No vácuo de opções para a próxima presidência do PT, o deputado federal Vicentinho (SP) lançou sua candidatura durante seminário da ala dominante do partido, no fim de semana. Ex-presidente da CUT, ele diz ter obtido de Lula autorização para trabalhar seu nome.

Onda. Em palestra nesse encontro, o assessor internacional Marco Aurélio Garcia afirmou que é grande o risco de a crise global levar a novas ações como o calote que o presidente Rafael Correa (Equador) ameaça dar no BNDES.

Seletivo. Secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar defende, em artigo, "todo apoio ao governo do Equador" contra a Odebrecht, que construiu hidrelétrica no país. Mas pede que os equatorianos poupem o BNDES, financiador da obra.

Repescagem. Depois de apontar irregularidades na primeira análise das contas de campanha de Luiz Marinho (PT) em São Bernardo, a Justiça Eleitoral aprovou na sexta-feira a nova versão.

Pró. O polêmico projeto de lei da inspeção veicular entrará na pauta de final de ano do Congresso, incluído pelo PP a pedido do ministro Márcio Fortes (Cidades). "É preciso votar rápido uma lei nacional para evitar uma colcha de retalhos de legislações estaduais, como já está ocorrendo", diz o líder da bancada na Câmara, deputado Mário Negromonte (BA).

Contra. Apesar do lobby poderoso no Congresso, o projeto da inspeção veicular sofre resistências em razão da reserva de mercado que criará para as empresas do ramo.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Os anos de festa foram de Lula; agora, a crise é dos outros. Por conveniência, o PT esquece que o fiador da política econômica é o presidente."


Do senador SÉRGIO GUERRA, presidente do PSDB, sobre o fato de o PT ter atribuído a atual desaceleração ao "modelo liberal" demo-tucano.

Contraponto

Procura-se

Lula era esperado para apresentar, na semana passada, a premiação da Olimpíada da Língua Portuguesa. Como de hábito, estava atrasado. Depois de meia hora, Rosi Campos, mestre-de-cerimônias, chamou o presidente ao palco. Nada. Para distrair a platéia, a atriz pediu aos músicos que tocassem. Minutos depois, chamou novamente o convidado.
-Ainda não? Então, som!-, ordenou.
Na terceira tentativa, Rosi desabafou:
-Desse jeito, gente, vou ter que dançar!
Lula demorou mais dez minutos para aparecer.


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