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ONGs cobram homologação em RR
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
As principais ONGs (organizações não-governamentais) indígenas da Amazônia cobraram ontem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a homologação da demarcação contínua da terra indígena Raposa/Serra do Sol, como
forma de colocar um fim nos conflitos no nordeste de Roraima.
Em 22 de dezembro o ministro
da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, anunciou que havia combinado com o presidente Lula que,
ainda em janeiro, a homologação
da reserva seria assinada.
Antes, em junho do ano passado, Bastos esteve em Roraima visitando as aldeias da Raposa/Serra do Sol. Saiu de lá avisando que
não reverteria a demarcação contínua -incluindo cidades e fazendas- concluída em 1998.
A demora para homologar a demarcação contínua no Estado de
Roraima e a decisão do governo
de submeter áreas em fase de homologação no país à análise do
Conselho de Defesa Nacional abalaram a relação dos indígenas
com o governo federal.
A Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), organização que
reúne cerca de 325 mil índios
(metade dos indígenas de todo o
país), diz em manifesto enviado a
Lula que o presidente "não será
capaz de trair a sua trajetória e
história pessoal em favor dos menos favorecidos e excluídos. Nem
as esperanças depositadas nele
pelos povos e organizações indígenas do país nem muito menos
ceder às pressões desses setores
acostumados a manipular as leis e
a rasgar a Constituição, conforme
os seus interesses".
O texto é assinado por quatro
das lideranças: o saterê-mauê Jecinaldo Barbosa Cabra, o xavante
Crisanto Rudzö Teseremey'wa, a
tucana Maria Miquelina Barreto e
o maioruna Genival de Oliveira
dos Santos.
"A serviço da Justiça"
A Coica (Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia
Amazônica), organização internacional que congrega nove países e tem sede no Equador, enviou
a Lula ofício assinado pelo coordenador-geral da entidade, o brasileiro Sebastião Manchineri.
O texto diz que o governo brasileiro "tem a oportunidade de
mostrar [com a homologação da
terra indígena] que também está a
serviço da Justiça e não somente
dos interesses de grupos que sempre viveram da miséria da população e do saque de nossas riquezas naturais [...] Para isso, violam
a Constituição".
Manchineri conclui afirmando
esperar "que o atual governo, liderado pelo senhor presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, fará
cumprimento da lei, assegurando
nossos direitos a viver livres e em
paz em nossas terras".
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