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Governo agora diz que vai assumir 90% dos cortes
Congresso resiste a perder emendas para ajudar na meta de economizar R$ 20 bi
Paulo Bernardo afirma
que redução de gastos vai respeitar proporcionalidade entre o dinheiro destinado
a cada um dos três Poderes
LUCIANA OTONI
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante da resistência do
Congresso em abrir mão das
emendas coletivas do Orçamento, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) disse
que o Executivo deve assumir
90% dos R$ 20 bilhões de cortes a serem feitos para cobrir o
rombo com o fim da CPMF.
"Já falei que o meu sonho de
consumo, e que não é propriamente popular no Congresso, é
preservar as emendas individuais e suprimir as coletivas",
disse. "Não podemos fazer um
corte dividido que não obedeça
ao critério da proporcionalidade porque, do contrário, haveria um peso grande no Legislativo e no Judiciário", afirmou.
Ele deu entrevista ao lado do
presidente e do relator do Orçamento, respectivamente, o
senador José Maranhão
(PMDB-PB) e o deputado José
Pimentel (PT-CE), após reunião no Ministério do Planejamento. Com o discurso inicial
que o sacrifício deveria ser dividido entre todos os poderes, o
governo agora admite a dificuldade de negociação na hora de
cortar: "As pessoas de maneira
geral tendem a achar que é excelente fazer corte, e precisamos fazer mesmo. Mas no outro lado da rua, no prédio vizinho, no outro Poder, na minha
emenda não. A tarefa que temos não é simples. Cortar R$
20 bi é um volume grande".
Dos R$ 631,6 bilhões de despesas no Orçamento deste ano,
só R$ 34,5 bilhões pertencem
ao Legislativo, Judiciário e Ministério Público, ficando o restante dividido entre 24 ministérios. A maior parte desses recursos é destinada a gastos
obrigatórios, que não podem
ser eliminados. Nesse grupo
constam o pagamento de servidores, aposentadorias, pensões, dotações previstas na
Constituição para saúde e educação e o pagamento de juros.
Considerando as despesas
não-obrigatórias, dos R$129,6
bilhões previstos, R$ 123 bilhões são do Executivo e R$ 6,6
bilhões estão divididos entre
Congresso, tribunais e Ministério Público da União. Nesse
grupo figuram investimentos
tidos como não prioritários
(muitos alocados em emendas
parlamentares), passagens aéreas, diárias, aluguéis, mão-de-obra terceirizada, material de
escritório e de consumo.
Ao defender cortes nas
emendas coletivas (R$ 12,9 bilhões), Paulo Bernardo visa
preservar as emendas individuais (R$ 4,8 bilhões) e assegurar os investimentos do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento), de R$ 18 bilhões.
Tal proposta esbarra na resistência do Congresso, pois as
emendas coletivas são usadas
para negociar projetos de
maior porte com governadores.
"Cortar R$ 20 bilhões é tarefa
árdua. Isso representa mais
que o Orçamento da maioria
dos Estados", disse o ministro.
Bernardo diz que a prioridade é o PAC, mas já admite ajustes no programa: "Quando há
uma obra importante com algum tipo de embaraço, como
falta licença ambiental, fazemos uma substituição e isso pode acontecer nas obras deste
ano. Mas nossa idéia é, tanto
quanto possível, preservar os
investimentos do PAC".
O senador José Maranhão
reiterou que as negociações para ajustar o Orçamento não podem partir do pressuposto de
que as verbas do PAC não poderão ser reduzidas: "Não podemos dizer taxativamente quais
despesas vão ser preservadas".
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