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CUT quer tirar assinatura de Lupi do FGTS
Lula encaminha ao ministro parecer da Comissão de Ética Pública que questiona sua situação no cargo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CUT (Central Única dos
Trabalhadores) vai pedir na
próxima reunião do Conselho
Curador do FGTS (Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço)
que a assinatura do ministro
Carlos Lupi (Trabalho) seja retirada dos extratos das contas
do fundo encaminhados aos
trabalhadores.
A Folha noticiou ontem que
Lupi incluiu seu nome nos extratos em uma mensagem imprensa no verso do envelope na
qual informa aos cotistas do
fundo que seus dados da conta
vinculada podem ser checados
também pela internet. A informação é assinada por Lupi como ministro do Trabalho e presidente do conselho curador.
Especialistas vêem a inserção do nome do ministro como
uma violação ao artigo 37 da
Constituição, que proíbe a promoção pessoal de autoridades
em comunicados. Procurado
pela reportagem, Lupi não quis
dar entrevista sobre o assunto.
Por meio de nota, o Ministério
do Trabalho explicou que o informativo impresso nos extratos foi assinado pelo presidente
do conselho, que, "por força de
lei", é representado pelo ministro do Trabalho.
O ministério destaca ainda
que a mensagem tem conteúdo
de utilidade pública e sua divulgação foi de caráter privado
entre o presidente do conselho
e o trabalhador, não sendo portanto uma publicidade. A nota
afirma que a inclusão da mensagem foi aprovada de forma
unânime pelo Conselho Curador do FGTS, em reunião de 28
de agosto do ano passado.
Na ata da reunião não há, no
entanto, nenhuma referência à
inclusão da assinatura de Lupi
na mensagem.
Cargos
Lula encaminhou ontem a
Lupi o parecer da Comissão de
Ética Pública, ligada à Presidência da República, com a recomendação contrária à permanência do ministro no cargo
caso ele continue acumulando
a presidência do PDT.
O advogado geral da União,
José Antônio Dias Toffoli, afirmou que emitirá seu parecer final sobre a decisão da Comissão de Ética Pública. Preliminarmente, a AGU já manifestou
que não vê problemas no caso
de Lupi. De acordo com Toffoli,
"levantamos que é, na maioria
dos países ocidentais, corriqueira a presença de ministros
que ocupam cargos na direção
de partidos políticos."
Sobre o nome do ministro estar nos extratos do FGTS, Toffoli afirmou: "É legitimo que se
identifique o nome dos agentes
públicos em informes de seus
órgãos. Se não, não seria possível divulgar o nome de ministro
no "Diário Oficial", ou mesmo,
em entrevistas em meio de comunicações".
(JULIANNA SOFIA e LETÍCIA SANDER)
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