São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 2007

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Lula decide entregar ministério a Marta

Ex-prefeita assumirá Educação ou Cidades; presidente tem preferência pela primeira opção, mas ela gostaria da segunda pasta

Para responder a pressões do PMDB e do próprio PT, presidente deve fazer mais alterações na Esplanada do que desejava inicialmente


KENNEDY ALENCAR
DO ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

O presidente Lula decidiu nomear a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy para o primeiro escalão, segundo apurou a Folha. Os ministérios cogitados são os da Educação, em primeiro lugar, e das Cidades.
Em conversas reservadas, o presidente disse que deverá mexer no ministério mais do que desejava porque precisa atender à pressão de aliados do PMDB e também do PT. Prevê trocas em pelo menos 7 pastas.
A única condição imposta por Lula para que Marta integre o ministério do segundo mandato é que ela se coloque fora da disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2008. A ex-prefeita aceita a condição.
Lula gosta do atual ministro da Educação, Fernando Haddad, que considera bom gestor. Avalia se o substitui por Marta. Seria uma saída política mais fácil porque a pasta já é da cota do PT. A ex-prefeita, potencial candidata do partido à Presidência em 2010, tem apoio de várias correntes da legenda para assumir a vaga de Haddad.
A outra pasta que Lula cogita entregar à ex-prefeita está hoje com o PP. Seria uma operação política mais complicada, apesar de Marta e seus aliados terem preferência por essa solução. No grupo político da ex-prefeita, há temor de que a substituição de Haddad seja vista como a troca de um bom nome técnico por uma política.
Em conversas reservadas, até dirigentes do PT que não são de São Paulo defendem a ida de Marta para a Esplanada.
Argumentam que as crises do mensalão e do dossiê ceifaram grandes quadros políticos do partido e que não faz sentido deixar a ex-prefeita no ostracismo político. Mais: no ministério, teria força para fazer contraponto regional aos tucanos, força que venceu o PT na eleição pela prefeitura da capital em 2004 e pelo governo do Estado no ano passado.

Pastas
O presidente disse a aliados nos últimos dias que imaginava mexer menos no primeiro escalão, mas acredita que não será possível. O próprio Lula elencou as seguintes pastas como objeto de mudança: Justiça, Relações Institucionais, Cidades, Transportes, Integração Nacional, Educação e Saúde.
Apesar da guerra interna no PT em torno das teses que serão debatidas no 3º Congresso do partido em julho, embate que rendeu críticas ao ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, ele deverá ser o sucessor de Márcio Thomaz Bastos na Justiça. Só uma mudança de última hora poderia inviabilizar essa troca.
Lula avalia que Tarso fez um bom trabalho na articulação política, especialmente estabelecendo relação entre o governo e a antiga ala oposicionista do PMDB. Lula também gosta das entrevistas em que Tarso defende o governo. O presidente costuma se queixar de que poucos ministros saiam em defesa pública de sua gestão.


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