São Paulo, domingo, 10 de fevereiro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Três na cédula

O círculo próximo sempre disse que ele não desistiria. A novidade é que tucanos favoráveis à aliança com Gilberto Kassab e contrários à candidatura de Geraldo Alckmin em 2008 começam a jogar a toalha. Estão convencidos, por gestos e palavras do ex-governador, de que ele não aceitará a alternativa de esperar até 2010 para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes, na premissa de que o correligionário José Serra sairá dali para disputar a Presidência. Alckmin alega que tal caminho o deixaria cem por cento nas mãos de Serra.
Este, por sua vez, tende não mover palha pela desistência de Kassab, sob pena de comprometer a adesão do DEM a seu projeto futuro. Como a candidatura de Marta Suplicy (PT) é um dado de realidade, tudo caminha para uma eleição "a três" em São Paulo.

Café-com-leite. Quando algum cético pondera que a campanha de Alckmin terá dificuldades de ordem financeira, dado seu descolamento das máquinas do Estado e da prefeitura, os amigos de fé respondem com duas palavras mágicas: Aécio Neves.

Jaleco. Enquanto a candidatura não vem, Alckmin dedica parte do tempo à medicina. Tem freqüentado a UTI neonatal do hospital São Luiz, onde aplica sessões de acupuntura a laser em um bebê, sob a supervisão de Jou Eel Jia.

Showbiz. Ao analisar prestação de contas do vice-governador paulista, Alberto Goldman, o TCE rejeitou a inclusão, entre os gastos de viagem a Nova York, de US$ 111 relativos ao ingresso para espetáculo de teatro assistido pelo tucano em 26 de maio de 2007.

Nova era. Chefes-de-gabinete de toda a Esplanada dos Ministérios se recordam de mais de uma reunião convocada pelo Planalto para explicar as vantagens do uso do cartão de crédito corporativo, agora submetido a uma série de restrições devido à revelação de gastos heterodoxos.

Faça sua parte. De um funcionário da Receita no aeroporto do Galeão para um passageiro que acabara de pagar o imposto devido por um produto trazido dos EUA: "O senhor fez muito bem em declarar. Está contribuindo para pagar o cartão do Lula".

YouTube. O Portal da Transparência, que traz os gastos do governo com cartões, bateu recorde de acessos na quinta: 15.062, com 31,64 páginas por visitante. Fevereiro tem registrado média diária de 7.146, com 28,37 páginas por visitante. Em 2007, eram 1.746 acessos/dia, e 12,71 páginas por visitante.

Louça. O pressionado José Múcio faz piada diante da tarefa de acomodar tantos aliados no governo: "Pareço aqueles chineses que equilibram pratos no circo. Vou comprar alguns para treinar", diz o coordenador político.

She-Ha. Nem a dobradinha PP-PMDB conseguiu derrubar a poderosa Inês Magalhães, mantida pelo PT na Secretaria de Habitação do Ministério das Cidades. Resta ao Planalto achar outro lugar para acomodar Teresa Jucá (PMDB-RR), mulher do líder do governo no Senado.

O hábito... Para Garibaldi Alves (PMDB-RN), Tião Viana (PT-AC) "tomou gosto e quer voltar para a presidência do Senado no próximo ano". E Garibaldi? "Estou preocupado, pois estou tomando gosto também", diz, instalado na aprazível residência oficial.

...faz o monge. Mas Garibaldi reconhece não ter chance. A Constituição e o regimento proíbem nova candidatura pós-mandato-tampão, e não há clima para truques. "Quem vai mudar, se todos os senadores são candidatos?".

Veneno. A revista da Fiocruz, fundação estatal que fabrica vacinas no país, faz troça do alarde pelo aumento de casos de febre amarela. Em charge, diz que, em 1904, a imprensa estimulou revolta contra vacina. "Em 2008, dissemina paranóia pela vacina."

Tiroteio

"O general não se deu conta: 1964 acabou, e o que vale agora é a Constituição de 1988".
Do líder do PPS na Câmara, FERNANDO CORUJA (SC), sobre Jorge Félix (Segurança Institucional), para quem "quanto menor a transparência" dos gastos com cartões corporativos, "melhor para a segurança".

Contraponto

Alien

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, recebeu um grupo de estudantes que estava de partida para vários Estados a fim de prestar serviços a comunidades carentes dentro do projeto Rondon. Primeiro, deu uma longa aula de história do Brasil. Em seguida, resolveu oferecer dicas turísticas:
-Espero que vocês provem o coquetel de tapuru, que é bem interessante-, estimulou o ministro.
Quando todos imaginavam que se tratava de alguma bebida local, Jobim tratou de explicar:
-É uma larva muito boa. Não se assustem: tem gosto de coco. Mas tem que comer rápido, pois se mexe na boca!


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