São Paulo, domingo, 10 de fevereiro de 2008

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Governo faz censo de cartões corporativos

Planalto quer saber por que cartões foram distribuídos a "tantos funcionários espalhados por todo o país"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Secom (Secretaria de Comunicação Social) do Palácio do Planalto enviou na sexta-feira uma série de perguntas a todos os ministérios sobre o uso de cartões de crédito corporativos por seus funcionários.
O questionário, divulgado ontem pelo jornal "O Globo", foi encaminhado por e-mail. São 13 questões, muitas das quais já abordadas pela Controladoria-Geral da União (CGU), que devem ser respondidas e enviadas ao Planalto pelas assessorias de comunicação dos órgãos até amanhã. A informação repassada aos assessores é que essas respostas serão analisadas em reunião no palácio para definir a estratégia de comunicação do governo Lula.
O ministro José Múcio (Relações Institucionais) afirmou que a Secom pretende evitar trâmites burocráticos para a obtenção das informações. "São perguntas feitas diretamente aos que realizam os gastos, evitando o questionamento por vias burocráticas".
A assessoria de imprensa do Planalto informou que os dados enviados pelos ministérios serão organizados para a posterior divulgação à imprensa.
A Folha entrou em contato com assessores que confirmaram ter recebido o questionário. Em alguns ministérios, equipes estão de plantão durante o fim de semana para cumprir o prazo fixado.
O nível "básico" das perguntas foi alvo de críticas por alguns dos assessores, que preferiram não se identificar. Uma delas questiona "quais tipos de despesas são permitidas por cada órgão". "Como é possível saber se a despesa realizada não foi de caráter pessoal?" é outra pergunta do e-mail.
A Secom também quer que os órgãos informem por que os cartões foram distribuídos a "tantos funcionários espalhados por todo o país" e se esses servidores são de carreira.
Desde o início da polêmica sobre o uso dos cartões corporativos, o ministro Jorge Hage (Controladoria-Geral da União) diz que os gastos servem para três finalidades: compras eventuais, de baixo valor e, por fim, para gastos sigilosos: "O decreto que estabelece a utilização desse mecanismo deixa isso claro: eventuais são aqueles gastos não rotineiros, os de baixo vulto, regulamentados pelo Ministério da Fazenda, e os sigilosos, que se preocupam com a segurança do presidente e de sua família e de determinadas investigações".
Mesmo assim, o questionário também pergunta à própria Presidência o motivo de manter "certos gastos" em sigilo. (JULIANNA SOFIA E FELIPE SELIGMAN)


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