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Ex-corregedor diz que sofre "perseguição" e deixa o DEM
Em carta a Temer, Edmar Moreira afirma que acusações não têm "respaldo empírico"
Suspeito de omitir castelo
em declaração de bens e de
apropriação ilegal de INSS,
deputado vai ao TSE para
tentar não perder mandato
MARIA CLARA CABRAL
ANDREA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em carta enviada ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), pedindo a renúncia da segunda-vice-presidência da Mesa e da corregedoria da Casa, o deputado Edmar
Moreira (DEM-MG) alegou
que seu partido exerceu "perseguição pessoal através de execração pública". No final do dia
de ontem, o deputado também
ingressou no TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) com pedido
de desfiliação do DEM.
O congressista é acusado de
omitir da sua declaração de
bens um castelo em Minas, que
está à venda por R$ 25 milhões.
É também investigado pelo
STF (Supremo Tribunal Federal) por apropriação ilegal de
contribuições ao INSS feitas
por seus empregados.
Moreira nega todas as acusações. Na carta a Temer, diz que
sua eleição para a Mesa, "que
era para ser um momento de
alegria, vem se tornando uma
sangria desatada pautada em
mentiras, inverdades, jogo de
retóricas, que resultam em ataques sem qualquer respaldo
empírico e de forma indiscriminada, extrapolando os limites da natureza humana, colocando em risco a minha integridade física e moral, bem como a
de meus familiares".
Na ação ao TSE, o deputado
diz que sua candidatura avulsa,
vitoriosa à segunda-vice-presidência da Câmara e contrária à
orientação do DEM, foi o fato
"propulsor" de "perseguição
política com grave discriminação pessoal do requerente, dentro do seu próprio partido, que
se mostrou insatisfeito com a
vitória democrática de seu filiado". O candidato oficial do partido era Vic Pires (DEM-PA).
Tal acontecimento, continua
o congressista no pedido de 14
páginas apresentado ao TSE,
levou à advertência que o DEM
lhe fez, através de nota à imprensa, sem nem sequer ouvi-lo. Assim, argumentou ter sido
perseguido por fatos inverídicos: a não-declaração ao fisco
de um castelo e o teor de um inquérito em tramitação no STF.
Moreira diz que o castelo foi
doado a dois filhos seus, em cujas declarações de renda o bem
estaria registrado. Quanto ao
inquérito, afirma que não pode
ser condenado por um caso que
não teve nem a procedência da
acusação apreciada pela corte.
O relator do caso no TSE será
Felix Fischer que, após ouvir o
DEM, levará seu voto ao plenário. Se o pedido for deferido,
Moreira não perde o mandato.
Apesar de o congressista ter
pedido a desfiliação no TSE, o
presidente nacional do DEM,
Rodrigo Maia (RJ), confirmou
que a sigla, reunida hoje, deve
expulsar sumariamente o deputado envolvido nas denúncias e, posteriormente, pedir o
seu mandato no tribunal.
Eleição
Diante da renúncia de Moreira, a Câmara deve realizar
nova eleição para a escolha do
novo segundo-vice já amanhã.
A dúvida é se o eleito acumulará a função de corregedor ou se
os cargos serão desvinculados.
Há parlamentares que defendem que a votação desse projeto seja adiada. Ontem, no entanto, Temer disse que a disposição de votar hoje o texto está
mantida. "Ainda há a necessidade de desvincular os dois cargos. O tema está na pauta", disse, ressaltando que o DEM deve
ficar com os dois postos.
Nem o próprio partido, no
entanto, está seguro sobre a
mudança. A base do governo
também promete reagir contra
os dois cargos para o DEM, que
enfrenta dificuldades para escolher quem disputará a eleição. O partido ainda está à procura de um nome que "não crie
constrangimento nem mal-estar no Congresso", nas palavras
do próprio líder da sigla na Câmara, Ronaldo Caiado (GO).
Petistas já avisaram que não
votam em Vic Pires e prometem atrapalhar a segunda eleição caso ele insista em concorrer. "Ele tem dificuldades na
bancada por conta da oposição
que faz ao governo da petista
Ana Júlia no Pará e por suas
atuações em CPIs", disse Maurício Rands (PT-PE).
Disputaram com Vic Pires a
indicação oficial do partido
Jorginho Maluly (SP) e João
Oliveira (TO). Agora, o nome
mais cotado é o de Roberto Magalhães (PE). Uma das alternativas seria deixar Pires com um
dos cargos e Magalhães com o
outro. O nome do DEM sai da
reunião de hoje, que discutirá a
expulsão de Moreira do partido. Rodrigo Maia também avisará que candidatos avulsos sofrerão as penalidades previstas
pelo regimento interno.
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