São Paulo, terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

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Papa pede que Brasil rejeite o aborto e elogia ações sociais

Bento 16 diz que "pobreza moral" afeta estrutura social

DA REPORTAGEM LOCAL

Ao receber ontem o novo embaixador brasileiro junto à Santa Sé, Luiz Felipe Seixas, o papa Bento 16 elogiou ações sociais do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e voltou a condenar o aborto -tema que gerou polêmica durante sua visita ao país, em maio de 2007.
O papa citou a política de distribuição de renda do governo brasileiro, dizendo que ela facilitou um "maior bem-estar" da população. Bento 16 também afirmou que o Brasil é "um fator de estímulo para o desenvolvimento dos países da região". O pontífice elogiou ainda a política externa brasileira, por ser a favor da paz no mundo e contra a pobreza na África.
Bento 16 disse que a "pobreza moral", assim como a pobreza material, afeta a "estrutura vulnerável" da sociedade brasileira. Por isso, o pontífice pediu que o governo brasileiro ofereça uma "sólida formação moral", inclusive em nível político.
O papa condenou o aborto e exigiu o respeito à vida: "Espero que se continue a fomentar e divulgar valores humanos fundamentais, sobretudo quando se trata de reconhecer de maneira explícita a santidade da vida familiar e a salvaguarda do futuro bebê, desde o momento de sua concepção até seu declínio natural", disse ele.
A afirmação foi também uma referência indireta ao caso da italiana Eluana Englaro, 38, em estado vegetativo havia 17 anos, cuja família conseguiu na Justiça o direito de suspender a nutrição e hidratação que a mantinham viva. O papa se manifestou nos últimos dias a favor das tentativas de impedir a eutanásia. Ela morreu ontem, horas depois do encontro.

Aborto
Ao falar do aborto, o papa retomou a polêmica de sua viagem ao Brasil, dois anos atrás. Nas vésperas da visita do pontífice, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, defendeu que a discussão sobre a descriminalização do aborto precisava ser examinada pelo viés da saúde pública.
Temporão chegou a criticar o papa: disse que era "descabido" seu apoio a bispos mexicanos que queriam excomungar políticos que votaram a favor da legalização do aborto no país.


Com agências internacionais


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