São Paulo, quarta-feira, 10 de março de 2004

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PAINEL

Puxão de orelhas
Lula pegou pesado em reunião ontem com o "núcleo duro expandido". Reclamou das desavenças dentro do governo, em especial entre José Dirceu e Antonio Palocci -ambos à mesa.

Aqui mando eu
Desabafos do presidente, segundo relato de um dos presentes à reunião de ontem: "O governo é meu", "Eu comando a política econômica", "Eu sou o principal administrador da máquina", "Não quero dicotomia".

Ponto final
Para completar, Lula mandou deixarem Antonio Palocci em paz. Em sintonia com o ministro da Fazenda, descartou a possibilidade de flexibilização imediata da política econômica.

Esforço inútil
O presidente não se conforma com a dificuldade em manter sob sigilo o que se passa no palácio. A queixa mais recente diz respeito à divulgação de seu telefonema-bronca a José Genoino. Mas ele ainda não se esqueceu do vazamento do pedido de demissão de José Dirceu.

Gato escaldado
Antoninho Marmo Trevisan promete dura crítica à gestão econômica na reunião do "Conselhão" amanhã. No encontro anterior, o consultor ligado ao PT foi o porta-voz da promessa de Palocci de que a nova Cofins não aumentaria a carga tributária. A realidade o desmentiu.

Antídoto a queixas
O Planalto teme que a crítica de Trevisan não seja a única a azedar a reunião do "Conselhão". Na tentativa de desarmar os insatisfeitos, Lula deverá comparecer e anunciar o desenho de sua política industrial.

A última da crise
Nova piada brasiliense dá conta de que o governo Lula fará uma manobra arriscada para contornar a crise política: tentará levar o PT para sua base de sustentação no Congresso.

Até nunca mais
Os líderes governistas dividem-se entre otimistas e pessimistas. Os primeiros acham que medidas provisórias trancarão a pauta da Câmara até abril. Os segundos apostam que nada além delas irá à votação até maio. Pouco depois, a Casa será esvaziada pela campanha eleitoral.

Efeito Mombaça
João Paulo Cunha assumiu a Presidência da República com discrição em Brasília, em 26 de fevereiro. Já em Osasco, sua base eleitoral, a interinidade ocupou as quatro páginas do jornal oficial do mandato do deputado.

Outro lado
A assessoria do presidente da Câmara argumenta que o jornal, com tiragem de 50 mil exemplares, pautou-se por critério jornalístico. "O dia na Presidência da República foi o fato mais importante de sua carreira política."

Na trilha de Lula
De Rodríguez Zapatero, candidato socialista ao governo espanhol na eleição deste domingo: "Vai ganhar a força da esperança ante o medo que representa o PP". No governo há oito anos, o conservador Partido Popular lidera as pesquisas.

Panela de pressão
É grande o esperneio dos demais pré-candidatos tucanos contra a dianteira de Saulo de Castro Abreu Filho na disputa pela vaga do partido na eleição paulistana. Há quem ache que no final tudo se ajeita. Outros, porém, temem efeitos de longo prazo sobre a campanha.

Visita à Folha
Cláudio Baldino Maciel, presidente da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Ricardo Gehling, diretor da entidade, e de Roberto Siegmann, presidente da Associação dos Magistrados do Trabalho do Rio Grande do Sul.

TIROTEIO

Do senador Jefferson Peres (PDT-AM) sobre a entrevista em que José Dirceu descartou a hipótese de deixar o governo: -Nenhum ministro pode assegurar que fica no cargo, sob pena de arranhar a autoridade de seu chefe. É até possível que ele tenha combinado com Lula o teor da declaração, mas o resultado é ruim para o presidente.

CONTRAPONTO

Do próprio veneno

Na quinta-feira passada, durante discussões que precederam a votação no Senado de novas regras para o setor elétrico, o relator Delcídio Amaral (PT-MS) falava ao microfone quando foi interrompido pelo colega Tasso Jereissati (PSDB-CE).
O tucano lhe propôs uma brincadeira com Almeida Lima (PDT-SE), que na antevéspera ganhara notoriedade ao prometer e não entregar revelações explosivas contra José Dirceu.
Ao final de suas considerações sobre o tema em votação, o relator manteve o tom sério e disse:
-Por sugestão do senador Jereissati, vamos interromper um pouco a sessão. Fomos informados de que o senador Almeida Lima tem uma declaração de interesse nacional a fazer.
Enquanto os colegas caíam na gargalhada, o pedetista veio, nervoso, pedir satisfações:
-Como é isso? Então eu vou ter que falar agora?


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