São Paulo, sábado, 10 de março de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Só pensa naquilo

A referência de Lula à necessidade de encontrar o "ponto G" nas negociações com os EUA pode soar inusitada, mas não é inédita. O presidente havia recorrido à mesma metáfora picante em café da manhã com jornalistas durante viagem à Argélia, em fevereiro de 2006. "Preciso achar o ponto G na cabeça do Chirac", disse Lula na ocasião. Referia-se aos embates comerciais com a União Européia.
Como fora previamente acertado que a conversa seria "em off", o comentário passou longe do noticiário. Ontem, quando Lula voltou a usar a expressão, o intérprete hesitou antes de vertê-la para o inglês. Ao ouvi-la, George W. Bush olhou para o tradutor com ar incrédulo, como quem duvida da literalidade da frase.

Pequena notável. A dacquoise de coco servida na sobremesa do almoço Lula-Bush ganhou no cardápio um nome bem brasileiro: Carmem Miranda. Foi o item mais apreciado da refeição.

Bestial. O estafe de Bush se refere à enorme limusine que transporta o presidente americano como "The Beast".

Falha deles 1. Lula e Bush assistiram a um briefing da Petrobras sobre o etanol. O presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, falou durante quase todo tempo em inglês fluente. Mas, a dada altura, o sistema de som falhou.

Falha deles 2. O grupo que veio com Bush se entreolhou. Alguns balançaram a cabeça, como a constatar a ineficiência dos anfitriões. Mas a empresa encarregada do som havia sido contratada pela equipe precursora dos EUA.

Censura. Do vereador paulistano José Américo (PT) sobre a retirada da equipe da TV Al Jazira, por funcionários da prefeitura, do Viaduto do Chá: "Para agradar aos americanos, o Kassab atropelou a liberdade de imprensa".

Aperitivo. Enquanto não sai a CPI do Apagão Aéreo, o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP) conseguiu aprovar, na Comissão de Fiscalização Financeira, um requerimento para que o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, compareça para depor sobre as obras no aeroporto de Congonhas.

Dá que é meu 1. Com o inchaço da seção baiana do PR, os recém-chegados disputam um cargo no Dnit hoje ocupado por aliado do ex-deputado estadual Hugo Mattos. A diretoria-geral no Estado é do deputado José Carlos Araújo, que deve mantê-la.

Dá que é meu 2. Os deputados José Rocha e Tonha Magalhães estão entre os ex-pefelistas que embarcaram no PR com a promessa de se dar bem no loteamento dos cargos federais na Bahia.

Saciado. A engorda do PR é tão evidente que o líder Luciano Castro (RR) avisou a bancada: "Em Minas e na Bahia, chega. Não cabe mais".

Peroba neles. Além do PR, quem cresce a olhos vistos é o nanico Partido dos Aposentados da Nação, cuja bancada saltou de um para cinco deputados mesmo sem o aval da Justiça para a fusão com o PTB. Juntos, PAN e PR faturaram mais da metade das filiações de deputados após a eleição de Arlindo Chinaglia.

Atalho. Os operadores das filiações encaram o PAN como um destino alternativo, que permite integrar deputados à base sem oferecê-los de bandeja ao inimigo Roberto Jefferson, que preside o PTB.

Boletim. Do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), animado com sua recuperação no Incor: "Fico mais três ou quatro dias por aqui."

Operação Golfinho. A PF prepara a abertura de uma delegacia em Fernando de Noronha para acompanhar o trabalho da Justiça Federal, que instalará uma vara no arquipélago com atuação voltada para crimes ambientais.

Tiroteio

"Eu recomendaria ao presidente Lula ler mais "O Capital" e menos o "Kama Sutra"".
Do deputado JOSÉ CARLOS ALELUIA (PFL) sobre Lula, que em entrevista ontem ao lado de Bush disse que Brasil e Estados Unidos precisam caminhar mais para chegar ao "ponto G" das negociações.

Contraponto

Só por milagre

Em conversa sobre reforma tributária com deputados no Congresso, o presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria de SP, Joseph Couri, lembrou da passagem do Evangelho em que Jesus, abordado por um coletor de impostos, pergunta a Simão Pedro se era justo pagar um tributo a Jerusalém e outro a Roma. Mesmo com a resposta negativa do discípulo, Jesus o orienta a ir ao mar, pegar um peixe e retirar de sua boca uma moeda de ouro para entregar ao coletor. Conclusão de Couri:
-Se naquela época Jesus teve de fazer milagre para pagar os impostos, imagine os pobres mortais de hoje no Brasil, com a carga tributária em quase 40% do PIB!


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