|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Chávez diz que Bush é "cadáver político"
Venezuelano reúne X mil contra EUA em ato em estádio de Buenos Aires; para ele, programa do etanol é "irracional e antiético"
Chávez afirmou que Bush oferece esmola à América Latina e o chamou de Colombo, por "descobrir" pobreza no continente
BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES
Principal estrela de um ato
"antiimperialista" e "anti-Bush" na noite de ontem no estádio de futebol do clube Ferrocarril Oeste, em Buenos Aires, o
presidente da Venezuela, Hugo
Chávez, fez as cerca de 30 mil
pessoas presentes, segundo estimativa da polícia, virarem-se
em direção a Montevidéu e
vaiarem o presidente norte-americano, George W. Bush,
que já havia desembarcado no
Uruguai.
"Para que lado está o rio [da
Prata]?", perguntou Chávez.
"Gringo, go home!", gritou o estádio, repetindo as exatas palavras do "mestre" venezuelano.
Em seguida, Chávez afirmou
que o presidente dos EUA é
"um cadáver político". "Ele já
nem cheira mais a enxofre, tem
o odor de seus mortos políticos,
de seus mortos de guerra."
Convocado com o aval do governo Kirchner pelas Mães da
Praça de Maio, entidade formada por mães de desaparecidos
políticos na ditadura, o ato reuniu grupos piqueteiros e provocou críticas da oposição.
Num discurso exaltado, Hebe Bonafini, presidente das
Mães da Praça de Maio, desejou
a morte do "genocida Bush".
Papel picado, fogos de artifício,
bandeiras com as figuras de
Evita e Juan Domingo Perón,
Fidel Castro, Che Guevara e,
claro, do próprio "comandante" Chávez. Em meio à batucada, a costureira argentina Victoria Silva, 36, bebê no colo,
conta que levou os filhos para
"aprender com o comandante."
"Ofensiva do império"
Em entrevistas antes do comício, o venezuelano havia dito
que é preciso "salvar" o Mercosul "da morte" pretendida pela
"ofensiva do império". Ele também criticou o plano norte-americano de usar o álcool para
reduzir sua dependência do petróleo (principal riqueza da Venezuela) e reafirmou a aliança
estratégica com a Argentina.
"O etanol é um plano totalmente irracional e antiético",
declarou Chávez. Segundo ele,
é "loucura" utilizar "as boas
terras e as águas doces que nos
restam" para "alimentar os veículos dos senhores do Norte".
O venezuelano almoçou com
o colega argentino, Néstor
Kirchner. Os dois assinaram 11
acordos de cooperação. "Nos
momentos mais difíceis [para a
Argentina] a República Bolivariana da Venezuela esteve presente ", disse Kirchner.
Colombo e Bolívar
Quando desembarcou às
23h15 de anteontem em Buenos Aires, Chávez já havia ensaiado vaias a Bush. "Creio que
há que dar ao presidente dos
EUA a medalha de ouro da hipocrisia. Ele agora diz que está
preocupado com a pobreza na
América Latina. Parece [Cristóvão] Colombo, descobriu
agora a pobreza da América.
Mas qual é a causa da miséria
na América Latina? A culpa
fundamental é do império."
Chávez disse considerar uma
"falta de respeito" que Bush
ofereça US$ 75 milhões para
capacitar jovens para estudar
inglês. "É o Plano Bush. É ridículo. Não queremos esmola".
"Só a Argentina e a Venezuela, na semana passada, ao lançarmos o Bônus do Sul, obtivemos US$ 1,5 bilhão. E o chefe do
império diz que vai aportar US$
75 milhões?" No estádio, voltou
ao tema: "Que [Bush] enrole os
US$ 75 milhões e meta-os em
seu... [pausa] bolso! Para não
dizer outra coisa, porque vocês
sabem exatamente onde ele deveria meter [o dinheiro]".
Texto Anterior: Americanas Próximo Texto: EUA importam menos petróleo da Venezuela Índice
|