São Paulo, sábado, 10 de março de 2007

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EUA importam menos petróleo da Venezuela

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Reflexo da crise diplomática entre os dois países, o cordão umbilical que une os EUA à Venezuela aos poucos está ficando mais tênue: em três anos, as exportações de petróleo venezuelano ao mercado americano passaram de 56% para 45% do total vendido ao exterior, segundo dados preliminares da estatal PDVSA relativos ao período de janeiro a agosto de 2006.
A redução se deve ao esforço do presidente Hugo Chávez para ficar menos dependente do mercado americano e ao uso do petróleo para obter apoio diplomático, sobretudo na América Latina. Atualmente, a Venezuela é o quarto maior fornecedor de petróleo aos EUA, responsável abastecer cerca de 7% do mercado americano.
"Os últimos relatórios indicam que a Venezuela já não ocupa os três primeiros lugares como fonte energética dos Estados Unidos. Isso continuará diminuindo, porque estamos nos diversificando", disse Chávez ontem a um canal de TV argentino.
"Neste ano, vamos chegar a cerca de 500 mil barris diários exportados para a China. Estamos diminuindo do jorro que todos os dias enviamos aos EUA."
Caso a previsão de Chávez se confirme, a exportação à China dará um salto enorme, já que, no primeiro semestre de 2006, o país asiático comprou apenas 69.600 barris/ dia de petróleo venezuelano.
Outro destino crescente do petróleo da Venezuela tem sido os países vizinhos, que, ao contrário dos EUA, pagam com serviços ou preços subsidiados, como é o caso de Cuba, que recebe derivados em troca do envio de médicos e professores.

Longo prazo
A tendência de queda da venda do petróleo venezuelano aos EUA é em parte confirmada pelo governo americano. Segundo o Escritório de Informação sobre Energia (EIA, na sigla em inglês), os EUA compraram 1,45 milhão de barris diários de petróleo e derivados no primeiro semestre de 2006, uma redução de 8% em relação ao mesmo período de 2005.
Mas essa redução é minimizada pelo EIA porque parte da exportação de petróleo bruto ao Caribe, um destino em crescimento, tem sido refinada e reenviada aos EUA, ficando fora das estatísticas.
O EIA estima ainda que os EUA "provavelmente continuarão sendo o mercado mais importante para a Venezuela até onde se pode prever", segundo o mais recente relatório sobre o país.
"No curto prazo, as opções que a Venezuela tem fora dos EUA são limitadas", diz Jorge Piñón, ex-presidente para a América Latina da Amoco Oil. Ele pondera que a Venezuela teria de decidir também o que fazer com a Citgo, subsidiária da PDVSA nos EUA com capacidade de refinar 800 mil barris/dia.


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