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EUA importam menos petróleo da Venezuela
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Reflexo da crise diplomática entre os dois países, o cordão umbilical que une os
EUA à Venezuela aos poucos
está ficando mais tênue: em
três anos, as exportações de
petróleo venezuelano ao
mercado americano passaram de 56% para 45% do total vendido ao exterior, segundo dados preliminares da
estatal PDVSA relativos ao
período de janeiro a agosto
de 2006.
A redução se deve ao esforço do presidente Hugo Chávez para ficar menos dependente do mercado americano e ao uso do petróleo para
obter apoio diplomático, sobretudo na América Latina.
Atualmente, a Venezuela é o
quarto maior fornecedor de
petróleo aos EUA, responsável abastecer cerca de 7% do
mercado americano.
"Os últimos relatórios indicam que a Venezuela já não
ocupa os três primeiros lugares como fonte energética
dos Estados Unidos. Isso
continuará diminuindo, porque estamos nos diversificando", disse Chávez ontem
a um canal de TV argentino.
"Neste ano, vamos chegar
a cerca de 500 mil barris diários exportados para a China.
Estamos diminuindo do jorro que todos os dias enviamos aos EUA."
Caso a previsão de Chávez
se confirme, a exportação à
China dará um salto enorme,
já que, no primeiro semestre
de 2006, o país asiático comprou apenas 69.600 barris/
dia de petróleo venezuelano.
Outro destino crescente
do petróleo da Venezuela
tem sido os países vizinhos,
que, ao contrário dos EUA,
pagam com serviços ou preços subsidiados, como é o caso de Cuba, que recebe derivados em troca do envio de
médicos e professores.
Longo prazo
A tendência de queda da
venda do petróleo venezuelano aos EUA é em parte confirmada pelo governo americano. Segundo o Escritório
de Informação sobre Energia
(EIA, na sigla em inglês), os
EUA compraram 1,45 milhão
de barris diários de petróleo
e derivados no primeiro semestre de 2006, uma redução de 8% em relação ao
mesmo período de 2005.
Mas essa redução é minimizada pelo EIA porque parte da exportação de petróleo
bruto ao Caribe, um destino
em crescimento, tem sido refinada e reenviada aos EUA,
ficando fora das estatísticas.
O EIA estima ainda que os
EUA "provavelmente continuarão sendo o mercado
mais importante para a Venezuela até onde se pode
prever", segundo o mais recente relatório sobre o país.
"No curto prazo, as opções
que a Venezuela tem fora dos
EUA são limitadas", diz Jorge Piñón, ex-presidente para
a América Latina da Amoco
Oil. Ele pondera que a Venezuela teria de decidir também o que fazer com a Citgo,
subsidiária da PDVSA nos
EUA com capacidade de refinar 800 mil barris/dia.
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