São Paulo, sábado, 10 de março de 2007

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Presidente dos EUA não vê protestos de brasileiros

Estudantes comem bananas no McDonald"s; polícia barra manifestantes na Transpetro

Bush chegou ontem à noite ao Uruguai, onde protestos reuniram 6 mil pessoas; lojas do McDonald's foram alvo de paus e pedras


LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
DA REDAÇÃO


O presidente George W. Bush não viu protestos dos movimentos sociais e partidos de esquerda durante sua visita ao Brasil, mas é possível que se depare com momentos de maior tensão nas próximas paradas pela América Latina, sobretudo na Colômbia. A comitiva do presidente norte-americano decolou ontem às 18h37 do aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos, para Montevidéu, no Uruguai.
No Brasil, ontem, os protestos foram pontuais. Enquanto Bush cumpria sua agenda de compromissos oficiais em São Paulo, estudantes entraram em restaurantes McDonald"s durante a tarde e comeram bananas. Não encontram resistência da loja ou da polícia.
O presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Gustavo Petta, liderou o protesto e disse que a manifestação na loja próxima ao Hotel Hilton, onde Bush estava hospedado, era contra "o imperialismo que o McDonald's representa".
Pela manhã, sindicalistas da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e representantes da UNE tentaram fazer protestos em frente à Transpetro, em Guarulhos, onde Bush Estava. Tiveram o ímpeto freado por policiais, que impediram dois ônibus com estudantes de chegar à empresa.
À tarde, um outro grupo de 200 estudantes e militantes do PSTU - segundo estimativa da PM (Polícia Militar) - deixou às 9h o Monumento às Bandeiras, em frente ao Parque do Ibirapuera (zonal sul), em direção ao Hotel Hilton, onde Bush estava hospedado. Chegaram ao local às 11h30, mas também foram barrados.
Homens do Exército, da PM e da GCM (Guarda Civil Metropolitana) confinou os manifestantes em uma faixa da avenida Luiz Carlos Berrini, a dois quarteirões da rua que dá acesso ao hotel. Restou a eles queimar bandeiras dos EUA e entoar gritos contra Bush.
Por fim, a visita que Bush fez à ONG Meninos do Morumbi também foi tranqüila. Não havia nenhum grupo de manifestantes por perto. O resultado é que Bush passou de carro em frente a moradores e curiosos e distribuiu acenos. Parte do grupo vaiou, outra aplaudiu.

Uruguai
Como no Brasil, os uruguaios resolveram fazer um protesto antes de Bush chegar. Horas antes do americano aterrissar em Montevidéu, duas passeatas se formaram nas ruas da cidade e reuniram 6 mil pessoas. Houve ataques com pedras e paus a lojas do McDonalds.
No ato, havia sindicalistas uruguaios e estudantes e também piqueteiros argentinos radicais, muitos deles encapuzados. Segundo a agência France Presse, jornalistas foram agredidos por manifestantes.
Bush deve enfrentar protestos, ainda que menores, em Colônia (177 km de Motevidéu), onde estará hoje.
Apesar das manifestações, pesquisa publicada pelo jornal uruguaio "Últimas Notícias" mostrou ontem que só dois em cada dez uruguaios classificam como "negativa" a visita Bush. O problema para Tabaré Vázquez é que a resistência a Bush é mais forte em sua própria base. A Frente Ampla -coalizão do presidente- criticou em nota o americano. E o ministro da Agricultura afirmou que, se não estivesse no cargo, iria aos protestos contra os EUA.

Blindagem
Em Bogotá, um esquema gigantesco, com 22 mil homens, entre policiais e militares, foi montado para tentar garantir a segurança do presidente americano nas quase sete horas que ficará em solo colombiano -Bush não dormirá lá. Ontem, continuaram os protestos de estudantes universitários.
O governo de Álvaro Uribe, o mais próximo aliado de Washington da região, afirma que a cidade foi "blindada" para receber o americano.
Os EUA são os principais financiadores do Plano Colômbia -destinado a combater as guerrilhas e os narcotraficantes. As Farc (Forças Revolucionárias da Colômbia), que controlam parte do território do país, são consideradas um grupo terrorista pela Casa Branca.
A operação para a visita de Bush começou há uma semana. Numa cidade de já numerosos controles de porte de arma, as revistas foram intensificadas. O espaço aéreo será fechado para a chegada do americano, e vigorará uma lei seca. Várias ruas serão fechadas na cidade, de 6 milhões de habitantes.


Com agências internacionais

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