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Presidente dos EUA não vê protestos de brasileiros
Estudantes comem bananas no McDonald"s; polícia barra manifestantes na Transpetro
Bush chegou ontem à noite ao Uruguai, onde protestos reuniram 6 mil pessoas; lojas do McDonald's foram alvo de paus e pedras
LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
DA REDAÇÃO
O presidente George W.
Bush não viu protestos dos movimentos sociais e partidos de
esquerda durante sua visita ao
Brasil, mas é possível que se depare com momentos de maior
tensão nas próximas paradas
pela América Latina, sobretudo
na Colômbia. A comitiva do
presidente norte-americano
decolou ontem às 18h37 do aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos, para Montevidéu, no Uruguai.
No Brasil, ontem, os protestos foram pontuais. Enquanto
Bush cumpria sua agenda de
compromissos oficiais em São
Paulo, estudantes entraram em
restaurantes McDonald"s durante a tarde e comeram bananas. Não encontram resistência
da loja ou da polícia.
O presidente da UNE (União
Nacional dos Estudantes), Gustavo Petta, liderou o protesto e
disse que a manifestação na loja próxima ao Hotel Hilton, onde Bush estava hospedado, era
contra "o imperialismo que o
McDonald's representa".
Pela manhã, sindicalistas da
CUT (Central Única dos Trabalhadores) e representantes da
UNE tentaram fazer protestos
em frente à Transpetro, em
Guarulhos, onde Bush Estava.
Tiveram o ímpeto freado por
policiais, que impediram dois
ônibus com estudantes de chegar à empresa.
À tarde, um outro grupo de
200 estudantes e militantes do
PSTU - segundo estimativa da
PM (Polícia Militar) - deixou
às 9h o Monumento às Bandeiras, em frente ao Parque do Ibirapuera (zonal sul), em direção
ao Hotel Hilton, onde Bush estava hospedado. Chegaram ao
local às 11h30, mas também foram barrados.
Homens do Exército, da PM
e da GCM (Guarda Civil Metropolitana) confinou os manifestantes em uma faixa da avenida
Luiz Carlos Berrini, a dois
quarteirões da rua que dá acesso ao hotel. Restou a eles queimar bandeiras dos EUA e entoar gritos contra Bush.
Por fim, a visita que Bush fez
à ONG Meninos do Morumbi
também foi tranqüila. Não havia nenhum grupo de manifestantes por perto. O resultado é
que Bush passou de carro em
frente a moradores e curiosos e
distribuiu acenos. Parte do grupo vaiou, outra aplaudiu.
Uruguai
Como no Brasil, os uruguaios
resolveram fazer um protesto
antes de Bush chegar. Horas
antes do americano aterrissar
em Montevidéu, duas passeatas se formaram nas ruas da cidade e reuniram 6 mil pessoas.
Houve ataques com pedras e
paus a lojas do McDonalds.
No ato, havia sindicalistas
uruguaios e estudantes e também piqueteiros argentinos radicais, muitos deles encapuzados. Segundo a agência France
Presse, jornalistas foram agredidos por manifestantes.
Bush deve enfrentar protestos, ainda que menores, em Colônia (177 km de Motevidéu),
onde estará hoje.
Apesar das manifestações,
pesquisa publicada pelo jornal
uruguaio "Últimas Notícias"
mostrou ontem que só dois em
cada dez uruguaios classificam
como "negativa" a visita Bush.
O problema para Tabaré Vázquez é que a resistência a Bush
é mais forte em sua própria base. A Frente Ampla -coalizão
do presidente- criticou em nota o americano. E o ministro da
Agricultura afirmou que, se não
estivesse no cargo, iria aos protestos contra os EUA.
Blindagem
Em Bogotá, um esquema gigantesco, com 22 mil homens,
entre policiais e militares, foi
montado para tentar garantir a
segurança do presidente americano nas quase sete horas que
ficará em solo colombiano
-Bush não dormirá lá. Ontem,
continuaram os protestos de
estudantes universitários.
O governo de Álvaro Uribe, o
mais próximo aliado de Washington da região, afirma que a
cidade foi "blindada" para receber o americano.
Os EUA são os principais financiadores do Plano Colômbia -destinado a combater as
guerrilhas e os narcotraficantes. As Farc (Forças Revolucionárias da Colômbia), que controlam parte do território do
país, são consideradas um grupo terrorista pela Casa Branca.
A operação para a visita de
Bush começou há uma semana.
Numa cidade de já numerosos
controles de porte de arma, as
revistas foram intensificadas. O
espaço aéreo será fechado para
a chegada do americano, e vigorará uma lei seca. Várias ruas
serão fechadas na cidade, de 6
milhões de habitantes.
Com agências internacionais
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