São Paulo, segunda-feira, 10 de março de 2008 |
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CPI apura elo entre ONGs sob suspeita e deputados Documento ainda inconcluso aponta supostas irregularidades; citados negam Relatório preliminar indica ao menos 5 parlamentares tendo ligações, diretas ou indiretas, com entidades investigadas pela comissão
ADRIANO CEOLIN
Pelo menos cinco deputados
federais são apontados em relatório preliminar da CPI das
ONGs como sendo ligados, diretamente ou por meio de assessores ou ex-assessores, a organizações não-governamentais investigadas pela comissão.
Sob o título "Levantamento
de Conexões", o relatório, elaborado pela área técnica da comissão, indica possíveis vínculos entre as ONGs e parlamentares. Na maioria dos casos, as
entidades são investigadas por
suspeita de irregularidades e
foram beneficiadas com recursos provenientes de emendas
apresentadas pelos deputados
ao Orçamento da União.
Constam na lista da CPI os
deputados Adão Pretto (PT-RS), Marco Maia (PT-RS), Assis Miguel do Couto (PT-PR),
Anselmo de Jesus (PT-RO) e
Sandra Rosado (PSB-RN).
Além disso, o relatório cita o
nome de ex-deputados ligados
a ONGs e também descreve liberação de recursos feita pelo
Ministério do Turismo, na gestão de Walfrido dos Mares
Guia, para uma ONG de Minas
Gerais que seria ligada a um ex-assessor dele. O documento
aponta que Marco Aurélio Penzim, ex-assessor de Walfrido na
Câmara dos Deputados, manteve relação indireta com a Federação de Convention & Visitors Bureaux de Minas, que teria recebido R$ 8,6 milhões do
Ministério do Turismo.
O relatório é um documento
ainda inconcluso e tem o objetivo de embasar o trabalho dos
parlamentares, apontando sugestão de quebras de sigilos e de
casos que necessitam de aprofundamento das investigações.
O documento teria 45 casos de
ONGs ligadas a políticos -a
Folha teve acesso a parte desse
relatório, com 14 capítulos.
Exemplo de que a relação das
entidades com políticos provavelmente é bem maior do que
está no documento é o depoimento, marcado para amanhã,
de Jair Heitor Duarte, apontado como responsável pelas
ONGs Adebrac (Agência de Desenvolvimento Sustentável
Brasil Central) e Cenep (Centro Nacional de Educação Profissional em Cooperativismo,
Gestão Ambiental e Turismo).
Duarte é filiado ao PSDB.
A ONG foi beneficiada por
emendas do deputado Nárcio
Rodrigues (PSDB-MG), vice-presidente da Câmara, que seria aliado de Duarte.
No caso de Assis Miguel do
Couto, o relatório diz que três
ex-assessores do deputado são
ou foram ligados, direta ou indiretamente, a mais de 20 entidades de apoio à agricultura no
Paraná, entre outros. Em relação a Sandra Rosado, o documento identifica recursos que a
deputada destinou, por meio de
emendas ao Orçamento, a fundação do Rio Grande do Norte
comandada pelo ex-genro. Até
o ano passado, a fundação tinha
como secretária-executiva uma
ex-funcionária do gabinete da
deputada, segundo o relatório.
Outro exemplo de que é
maior o número de políticos ligados a ONGs é o levantamento
da Folha publicado em 4 de
março, que mostrou quatro entidades que receberam dinheiro público e têm ligações políticas. Elas não são citadas no relatório da CPI, embora requerimentos ainda não aprovados
de senadores peçam investigação dessas entidades.
Colaboraram LEILA SUWWAN e SIMONE IGLESIAS, da Sucursal de Brasília Texto Anterior: Cadastro digital Próximo Texto: Outro lado: Parlamentares citados negam irregularidades Índice |
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