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QUESTÃO INDÍGENA
Sete toneladas de ametista extraídas ilegalmente foram encontradas dentro de um barco, em Manaus
PF faz apreensão de minérios retirados por índios no AM
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
A Polícia Federal e o Ibama
apreenderam na noite de domingo, dentro de um barco, sete toneladas de ametista e cerca de 300 kg
de tantalita, em Manaus (AM). Os
minérios foram retirados ilegalmente das terras dos índios tucanos e baniuas.
O carregamento estava sob responsabilidade do vice-presidente
da ONG Cooperíndio (Cooperativa de Produção dos Índios do Rio
Negro), o catarinense Adir Nagel
Júnior, detido pelos agentes federais para prestar depoimento.
A Delegacia de Prevenção e Repressão a Crimes Fazendários e
Ambientais abriu inquérito com
base na Lei de Crimes Ambientais, que prevê detenção, de seis
meses a um ano, e multa para extração de minerais em florestas de
domínio público sem autorização
da União. Além de Nagel Júnior,
foi detido o minerador Olivaldo
Cassemiro. O dono da embarcação, Armando Tanaka, entregou à
Polícia Federal quatro notas fiscais avulsas emitidas pela Secretaria de Fazenda de São Gabriel da
Cachoeira (AM).
Conforme as notas, a tantalita
foi comprada para José Lopes Filho, em nome da empresa Cia Industrial Fluminense, de São João
Del Rey (MG). Foram pagos R$
11.762,00 pelos 300 kg.
As sete toneladas de ametistas
foram vendidas por R$ 5.340,00
para Arauto Passos Nunes, de Governador Valadares (MG). Os
dois comerciantes não foram encontrados. A Folha não localizou
a Cia. Industrial Fluminense até o
fechamento desta edição.
A tantalita é um mineral raro,
útil para o funcionamento de reatores nucleares, propulsores de
aviões a jato e celulares.
Segundo o DNPM (Departamento Nacional de Pesquisa Mineral), só a perícia pode apontar o
valor do minério apreendido.
Os índios ganharam de R$ 2 a
R$ 8 pelo quilo do minério extraído. No mercado internacional, o
preço da tantalita pode alcançar
de US$ 17 a US$ 500, dependendo
do teor de nióbio e tântalo encontrado no mineral. Uma grama de
ametista pode ser comercializada
por cerca de US$ 1.
"A exploração está garantida
pela Constituição", declarou Nagel Júnior. Ele afirmou que cerca
de 50 famílias indígenas participam da exploração de minérios
nos rios Içana e Tiquié, em São
Gabriel da Cachoeira.
O DNPM afirma que a exploração é ilegal.
Por telefone, o administrador
da Funai em São Gabriel da Cachoeira, Henrique Vaz, disse à
Agência Folha, que pedirá a cassação da inscrição do CGC (Cadastro Geral de Contribuinte) da
ONG Cooperíndio.
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