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QUESTÃO AGRÁRIA
Trabalhadores rurais iniciam marcha à capital do Estado e dizem que novos saques podem ocorrer
MST fecha rodovia e faz saque em Alagoas
ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ
Trabalhadores rurais ligados ao
MST e à Comissão Pastoral da
Terra fecharam ontem, das 8h às
13h, a rodovia BR 101, em Flexeiras (AL), impedindo o tráfego na
principal ligação entre Maceió
(AL) e Recife (PE). Os cerca de
400 participantes da manifestação
também saquearam linguiça,
mortadela e salsichas de um caminhão que ficou retido no congestionamento.
Ao bloquear a estrada, os trabalhadores passaram a exigir a presença no local do superintendente
do Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária)
no Estado, José Quixabeira Neto,
para negociar as reivindicações
dos manifestantes.
Quixabeira chegou ao local por
volta das 12h. Antes de o contato
ser iniciado, os manifestantes liberam uma das pistas da BR 101 e
o tráfego começou a fluir entre os
restos dos pneus queimados pelos
sem-terra.
Saque
Quando chegou a vez do caminhoneiro Valmir Lungan passar
pelos manifestantes, os sem-terra
ordenaram-lhe que parasse. Parte
da carga de embutidos do caminhão foi saqueada.
"Vou mover uma ação para ver
se o seguro arca com o prejuízo.
Isso é um absurdo. Nem trabalhar
nós podemos neste país. Eles levaram parte do alimento, orçado em
R$ 60 mil", afirmou Lungan.
Após o saque, os sem-terra
abandonaram o local do protesto
sem conversar com o superintendente do Incra. No final da tarde,
eles solicitaram nova audiência
com Quixabeira.
"Não vou me expor mais. Só me
reúno com esse grupo no Ministério Público. Corri risco com o saque. Com ações absurdas como
essa, os líderes desses movimentos vão atrapalhar a reforma agrária no Estado", afirmou o superintendente.
Os manifestantes acamparam
na antiga sede da usina Bititinga,
em Messias (AL), que está abandonada.
Ontem foi o primeiro dia da
marcha dos sem-terra à capital do
Estado, Maceió, onde devem chegar no próximo dia 16.
"Novos saques podem ocorrer,
pois temos mais de mil famílias
acampadas e com fome em Alagoas", afirmou um dos coordenadores da CPT, Severino da Silva,
conhecido como Índio.
"O saque não foi programado.
Aconteceu espontaneamente",
afirmou o coordenador estadual
do MST, Reginaldo Pacheco.
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