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Tucano tenta barrar CPI da Nossa Caixa na Assembléia
TJ paulista mandou instalar comissão, mas presidente da Casa vai apelar ao STJ
Um dos deputados que teriam sido favorecidos na gestão Alckmin, Vaz de Lima
dirá que pedido de criação é da legislatura anterior
Caio Guatelli - 1º.out.2006/Folha Imagem
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Os tucanos Geraldo Alckmin e José Serra após votarem no primeiro turno das eleições de 2006 |
LILIAN CHRISTOFOLETTI
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Assembléia
Legislativa de São Paulo, Vaz de
Lima (PSDB), vai recorrer ao
STJ (Superior Tribunal de Justiça) contra determinação do
Tribunal de Justiça de São Paulo obrigando a Casa a instalar
uma CPI para investigar o
eventual uso político do banco
estadual Nossa Caixa pelo ex-governador paulista Geraldo
Alckmin (PSDB).
O órgão especial do Tribunal
de Justiça, formado pelos 25
desembargadores mais antigos,
aprovou por unanimidade e em
decisão inédita no Estado a instalação imediata da CPI. Segundo Vaz de Lima, porém, os
novos deputados, que tomaram
posse no último dia 15, não podem assumir um pedido de instalação de CPI feito na legislatura anterior.
O pedido de abertura de uma
investigação, feito pela oposição aos tucanos na Casa, nasceu a partir de reportagens publicadas pela Folha, em março
de 2006, mostrando que investimentos publicitários da Nossa Caixa tinham sido dirigidos
a publicações e programas de
TV ligados a deputados da base
aliada do então governador.
Na ocasião, o PT protocolou
o requerimento da CPI, o 69º
da legislatura iniciada em 15 de
março de 2003 e encerrada no
mês passado. O governo barrou
a instalação, mas o caso derrubou Roger Ferreira, então secretário de Comunicação, que
coordenava a estratégia de
marketing das estatais.
Conforme mostrou a Folha
no sábado passado, Ferreira
voltou este mês ao governo
paulista, sob o comando de José Serra (PSDB), por meio de
sua empresa de comunicação,
contratada sem licitação para
atuar na pasta da Educação.
"É mais um ingrediente que
nos leva a pedir a instalação
imediata da investigação. Ele
foi afastado, mas ganhou como
prêmio um contrato com o governo", disse o líder do PT na
Assembléia, Simão Pedro.
Ferreira, procurado pela Folha, não quis se pronunciar. À
época da publicação da reportagem, ele negou a existência
de irregularidades.
"Está ultrapassada essa decisão. A CPI perdeu todo o seu
objeto, que era atingir a então
candidatura do Alckmin a presidente", diz o deputado Orlando Morando (PSDB).
Presidente sob suspeita
A decisão do órgão especial
do TJ ainda não foi publicada
no "Diário Oficial". Só depois
disso, o PSDB pode recorrer da
decisão do órgão especial.
"Determinação da Justiça
não se discute, mas vou aguardar a publicação do acórdão,
que deve ocorrer nesta semana.
Todavia, adianto que vamos recorrer, porque em Brasília há
farta jurisprudência à tese de
que as CPIs da legislatura anterior perderam a validade ", disse Vaz de Lima.
O presidente tucano é um
dos acusados de ter sido beneficiado pelos recursos. Ele nega
irregularidades e afirma que irá
conduzir o caso com base no regimento da Casa e na Constituição, sem viés político ou
qualquer benefício pessoal.
Com a decisão, o PT se movimenta para escolher seus integrantes para a CPI -que pode
ter de 7 a 9 membros. "O fato
ainda está aí e precisa ser investigado", disse Pedro.
Desde 2003, os deputados
não-alinhados a Alckmin e ao
PSDB tentam aprovar a instalação de uma CPI. Em outubro do
ano passado, sem conseguir a
aprovação da maioria do colégio de líderes, a oposição recorreu ao STF (Supremo Tribunal
Federal), que decidiu favoravelmente ao PT.
O ex-presidente da Casa Rodrigo Garcia (DEM, ex-PFL)
chegou a instalar duas comissões, mas deixou fora o pedido
de investigação na Nossa Caixa.
Se aprovada, a CPI da Nossa
Caixa será a terceira na Casa e a
que atinge mais diretamente o
governo Alckmin. As outras
duas são sobre guerra fiscal e
setor energético. Cinco CPIs
podem funcionar simultaneamente na Assembléia.
A instalação da CPI da Nossa
Caixa é uma forma de o PT responder aos tucanos da Câmara
dos Deputados, que recorreram ao STF para instalar a comissão sobre o apagão aéreo.
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