São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Barafunda

Constrangido por uma investigação da PF dentro do Palácio do Planalto, o governo conta com pelo menos um refresco neste momento: a oposição não tem a menor idéia do que fazer com as duas CPIs dos Cartões pelas quais tanto se bateu -a mista, moribunda após um mês de vida, e a exclusiva do Senado, que nem começou e já é alvo de descrédito geral.
Após duas horas de reunião, tucanos e "demos" saíram insistindo na nova comissão. Alegam que, no mínimo, ali estarão livres de deputados da base dispostos a qualquer vexame para impedir a investigação. Mas, em privado, a oposição admite que, com três dos oito membros da CPI, também no Senado não chegará a lugar nenhum, a menos que "surja fato novo".

W.O. Nenhum senador governista se dispôs a comparecer a um programa da TV Brasil, na terça, para debater o caso do dossiê sobre FHC com Heráclito Fortes (DEM-PI).

Mais o que fazer. No palácio, o bordão da hora é "esqueça o dossiê". "Estamos atrás de tapioca, sorvete, hospedagem. Não temos nada mais importante a tratar?", ironiza o ministro José Múcio (Relações Institucionais).

Ponto futuro. Abatido, um tucano observava ontem o inútil contorcionismo de seus colegas de oposição no plenário do Senado: "A votação da MP da TV pública inaugurou um novo paradigma. A base governista já está em 2010".

Cara pálida. De Aloizio Mercadante (PT-SP), comentando com a líder do governo no Congresso, Roseana Sarney (PMDB-MA), a votação dos projetos de Tião Viana (maior vinculação de recursos para a saúde) e Paulo Paim (fim do fator previdenciário): "Vocês não controlam esses dois loucos?". São ambos correligionários de Mercadante.

Too late. Do aeroporto, em Nova York, Guido Mantega (Fazenda) ligou para o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), tentando adiar a votação da PEC de Tião Viana. Ela foi aprovada.

Afasta de mim! Walter Pinheiro (PT-BA) foi abordado por assessora que colhia assinaturas para um projeto. "Não é a PEC do Devanir, né? Essa não assino nem morto!

Assim não. O deputado Pinheiro, preferido do governador Jaques Wagner (PT-BA) para concorrer à Prefeitura de Salvador, anuncia que não disputará prévia contra o colega Nelson Pellegrino. Como este diz que não vai desistir, deverá ser ele o petista na cédula, a menos que haja intervenção da cúpula da sigla.

Alto risco. Do ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), depois de ver seu candidato, o prefeito João Henrique (PMDB), esnobado pelos petistas, que integram a administração de Salvador: "Quem investe no PT não tem segurança jurídica".

Eu, não. O deputado alckmista Julio Semeghini (PSDB-SP) nega "qualquer envolvimento" com Gerson Guerra, de quem um grupo de tucanos diz ter recebido ordem para vaiar o prefeito Gilberto Kassab (DEM) durante evento anteontem na periferia sul de São Paulo.

Vem cá. Depois da derrota na prévia pela candidatura petista em Porto Alegre, Miguel Rossetto virou opção do partido para integrar uma chapa puro-sangue com a deputada Maria do Rosário, vitoriosa na disputa interna. O ex-ministro do Desenvolvimento Agrário resiste. Diz que pretende, a partir de agora, atuar no setor privado.

Orelha de porco. Paulo Maluf (PP-SP) reuniu cerca de 50 parlamentares, entre governistas e representantes da oposição, numa feijoada ontem em sua casa de Brasília. O ministro José Múcio e o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), foram alguns dos vips que passaram para comer um torresmo a convite do deputado.

Tiroteio

Este assunto não comove o governo, não comove 99% do PT e não comove, em absoluto, o presidente da República.


Do ministro da Justiça, TARSO GENRO , sobre a proliferação de defensores da idéia de mudar a Constituição para que Lula possa disputar o terceiro mandato consecutivo.

Contraponto

Talão cheio

Durante reunião ontem da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, Jair Bolsonaro (PP-RJ) cobrou do ministro Nelson Jobim (Defesa), que estava ali acompanhado do colega Mangabeira Unger (Longo Prazo), um aumento salarial para os militares.
-Uma solução seria desvincular os salários de ativos das aposentadorias-, sugeriu o deputado.
-Também não podemos dar um xeque-mate-, ponderou Jobim, lembrando que o assunto é delicado.
Carlos Zarattini (PT-SP) emendou:
-Ministro, tenho a impressão de que eles não estão muito interessados em xeque. Já no cheque...


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