São Paulo, sexta-feira, 10 de abril de 2009

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Lula quer viajar pelo país para acelerar o PAC e mostrar Dilma

Presidente decide levar a ministra, sua provável candidata à sucessão, em périplo para acompanhar obras do programa

Lula se reuniu ontem com oito ministros da área de infraestrutura e presidentes de estatais para exigir mais rapidez na execução do PAC

Sérgio Lima/Folha Imagem
Lula se reúne com ministros da área de infraestrutura para cobrar celeridade nas obras do PAC

SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com a crise econômica em curso, a campanha eleitoral de 2010 visível no horizonte e 60% dos recursos da principal bandeira governista ainda não utilizados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu "dar um gás" na cobrança da execução de obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em viagens na companhia da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Até o momento, ela é a escolhida por ele para concorrer à sua sucessão, apresentada como a "mãe" do programa.
Ontem, Lula se reuniu com oito ministros da área de infraestrutura e presidentes de estatais para exigir "celeridade" e avisou que fará um "périplo" pelo país para ver os motivos do atraso e como as obras estão se desenvolvendo. Naturalmente, há a preocupação oficial com o efeito do PAC como forma de mitigar a crise.
O périplo deve começar no fim do mês com visita a obras do rio São Francisco e coincide com declaração de Dilma, em fevereiro, de que neste ano sairia mais de seu gabinete. Marca ainda uma mudança: Até então, Dilma se concentrava em viagens sozinha para se expor mais sem a presença de Lula.
"Um dos papéis do governo hoje é sair dos gabinetes, porque nós construímos o processo pelo qual estamos conseguindo enfrentar a crise em melhores condições. O olho do dono engorda o boi. O PAC é o nosso boi, e é um boi já bem gordinho", afirmou a ministra em fevereiro.

Gargalos
Após reunião com os ministros, Lula pediu detalhes dos problemas na área de transporte e rodovias para saber onde estão os gargalos do programa e por que ocorre a demora.
"O presidente deixou bastante claro seu envolvimento pessoal no acompanhamento das obras que estão ocorrendo no país, cobrando cronogramas, celeridade", disse o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional).
Segundo ele, Lula determinou que os ministros cobrem das empresas encarregadas pelas obras que trabalhem em três turnos. O presidente já havia pedido isso no auge da crise econômica, mas resolveu reunir os ministros ontem porque, segundo interlocutores, as contratações não estão ocorrendo.
"O presidente vem insistindo que as obras sejam tratadas com mais um turno para gerar empregos", afirmou Geddel.
Interlocutores do governo disseram que Lula está incomodado com o discurso de empresários de que há condições de contratar por causa da crise, sendo que há compromisso estabelecido entre governo e empresas de antecipar recursos já que, com o trabalho em três turnos, as entregas das obras também seriam adiantadas.
O presidente também reclamou da burocracia e da fiscalização do TCU (Tribunal de Contas da União).
"É gargalo porque a legislação determina que tem questões ambientais, questões da relação com o TCU, que tem que cumprir seu papel de fiscalizar as obras. Há uma série de questionamentos, problemas legais que amarram muito", disse Geddel.
O ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) disse que o governo está passando um pente-fino nas obras. "O presidente está vendo obra por obra, detalhe por detalhe, responsável por responsável, o que falta e qual a solução para cada caso."
Dados divulgados no balanço de dois anos do PAC, em fevereiro, apontam que foram gastos até agora no programa cerca de R$ 200 bilhões.


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