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Fazendeiro do caso Dorothy volta a ser preso no Pará
Bida teve absolvição anulada pela Justiça na terça
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Um dia depois de a Justiça
anular o júri que o absolveu da
acusação de mandar matar a
missionária Dorothy Stang, o
fazendeiro Vitalmiro Bastos de
Moura, o Bida, foi preso na noite de anteontem. Ele estava em
uma fazenda da família, em Pacajá (PA), e foi levado para a penitenciária de Altamira, onde
está em uma cela comum.
A ordem de prisão foi dada
pelo Tribunal de Justiça do Pará, que considerou inválido o
julgamento de maio de 2008,
quando Bida foi solto, e mandou marcar seu terceiro júri.
Os desembargadores consideraram que a principal prova a
favor do fazendeiro foi incluída
no processo de maneira irregular, pois havia sido produzida
sem autorização judicial, o que
impediu o Ministério Público
de contestá-la. A prova é um vídeo de outubro de 2006, no
qual Amair Feijoli da Cunha, o
Tato, acusado de ser o intermediário e já condenado a 17 anos
de prisão, diz que o crime, ocorrido em fevereiro de 2005, não
foi ordenado por ninguém.
A versão contrariou vários
depoimentos dados por ele. No
primeiro júri de Bida, em maio
de 2007, quando o vídeo não foi
usado pela defesa, o fazendeiro
foi sentenciado a 30 anos.
Logo após a absolvição, em
2008, um radialista e um diretor de televisão que haviam trabalhado no vídeo afirmaram à
Folha que houve participação
de Jânio Siqueira -então advogado de Bida e hoje defensor de
outro acusado de mando, Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão- na pré-produção do filme. Regivaldo aguarda julgamento em liberdade.
O vídeo foi gravado em outubro de 2006, dentro da prisão
onde Tato estava.
A entrevista foi conduzida
por Edgar Marinho Ferreira,
radialista conhecido em Belém
(PA) como Big Pantera. Primeiro, por telefone, ele disse que
"[o cliente] foi a defesa. Foi o
doutor Jânio Siqueira".
Depois, em conversa gravada, afirmou ter havido uma
"confusão" e que o cliente de fato era a RTP (Rede de Televisão
Paraense), canal de televisão de
Castanhal (PA) afiliada do SBT.
O diretor da RTP, Rogério
Bulhões, disse à Folha que Siqueira foi consultado e indicou
Tato para falar, "apenas isso".
Ele disse que a entrevista,
editada, foi transmitida à época
no telejornal que o canal tem
no início da noite. Mas não falou por que não tentou dar
mais visibilidade ao vídeo, dada
sua importância.
Para a Promotoria, se a participação de Siqueira se confirmar, aumentam as suspeitas de
que a gravação foi encenada.
Siqueira negou que tenha pago, ordenado ou intermediado
a gravação. Eduardo Imbiriba,
atual advogado de Bida, também negou que seu cliente tenha sido favorecido por um vídeo encenado.
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