UOL

São Paulo, sábado, 10 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

REFORMAS

Em reunião com governadores do Norte, presidente defende elaboração de projetos de desenvolvimento a partir das regiões

No Acre, Lula ataca "tecnocracia" de Brasília

FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A RIO BRANCO

Cercado por cinco governadores da região Norte e por 11 ministros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante discurso ontem em Rio Branco (AC), atacou a elaboração de projetos de desenvolvimento regional por "tecnocratas e burocratas".
"Chegou o fim da era em que o desenvolvimento do país era pensado a partir da tecnocracia e da burocracia de Brasília. Estamos agora fazendo o desenvolvimento a partir das regiões", afirmou.
O presidente iniciou ontem no Acre uma série de cinco reuniões por região geográfica do país com governadores, para discutir projetos regionalizados. "Há que se pensar o Brasil no nível nacional, mas também no nível regional e no nível setorial", afirmou.
Participaram da reunião com Lula os governadores do Acre, Jorge Viana (PT), do Amazonas, Eduardo Braga (PPS), do Amapá, Waldez Góes (PDT), de Roraima, Flamarion Portela (PT) e de Rondônia, Ivo Cassol (PSDB) -este último chegou para o encontro usando um chapéu de vaqueiro típico de seu Estado. Esteve ausente o governador do Pará, Simão Jatene (PSDB). A reunião durou cerca de seis horas.
Ao final do evento, o governo federal assinou três protocolos de intenção com os Estados. O primeiro prevê a constituição dos chamados "assentamentos florestais", em que os sem-terra assentados, em vez de se dedicarem à agricultura, praticariam o manejo florestal e o extrativismo.
Outro acordo implantou um grupo de trabalho para elaborar, em três meses, o "Programa de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia", englobando áreas como preservação ambiental, definição de matriz energética e desenvolvimento econômico.
Por fim, foi assinado termo de cooperação redefinindo as atribuições do Banco da Amazônia, que agora deverá dar maior atenção ao financiamento de projetos regionais. Lula anunciou a liberação de R$ 227 milhões em caráter imediato para os financiamentos.

Imprensa
A reunião para discutir políticas de compensação regional foi em parte uma forma de Lula oferecer uma compensação pelo fato de o governo ter recuado na proposta de mudar a tributação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) da origem (sobre a produção) para o destino (sobre o consumo).
A alteração era reivindicação dos Estados menores, que têm parque industrial pequeno, mas houve resistência de Estados mais ricos, como São Paulo e Minas Gerais. O assunto deve voltar à pauta dentro de dois anos.
Lula prometeu, após visitar o hospital Souza Araújo, especializado em tratamento de vítimas da hanseníase, erradicar a doença até o final de seu mandato.
Lula enfrentou um pequeno protesto à noite, ao inaugurar um hospital infantil. "FMI=FHC=Lula", dizia uma faixa carregada por um grupo de dez estudantes.


Texto Anterior: PFL prevê dura disputa com governadores
Próximo Texto: Presidente se emociona ao rever ex-sindicalista
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.