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JUSTIÇA
Nova testemunha diz que crime teve mais envolvidos; fazendeiros condenados estão atualmente em semiliberdade
Caso Chico Mendes volta a ser investigado
MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA
Quase 15 anos depois da morte
de Chico Mendes, o Ministério
Público do Acre vai propor a instalação de inquérito complementar para investigar o envolvimento de outros suspeitos no assassinato do líder seringueiro.
Uma nova testemunha, que só
deve prestar depoimento oficialmente na próxima semana, afirmou que o crime não foi tramado
apenas pelos fazendeiros Darly e
Darci -que, condenados pelo assassinato, estão atualmente em
regime de semiliberdade.
Francisco Alves Mendes Filho, o
Chico Mendes, tinha 44 anos
quando foi morto a tiros, em 22 de
dezembro de 1988, no quintal de
sua casa, em Xapuri (AC). O município recebe hoje o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, que vai
visitar o túmulo do sindicalista.
O assassinato do líder dos seringueiros do Acre teve repercussão
no exterior. Suas atividades em
defesa dos recursos naturais da
Amazônia provocavam confrontos com lideranças rurais e políticas da região.
Em 1991, o fazendeiro Darly Alves da Silva e seu filho, Darci Alves
Pereira, foram condenados a 19
anos de prisão pelo crime. Os jurados concluíram que Darci matou Chico Mendes a mando de
seu pai.
Os dois fugiram em dezembro
de 1993 da penitenciária Francisco de Oliveira Conde, em Rio
Branco (AC), e foram recapturados pela Polícia Federal em 1996.
Três anos depois, Darly conquistou o direito de cumprir sua pena
em prisão domiciliar, e Darci, em
regime semi-aberto (na Papuda,
em Brasília).
O Ministério Público do Acre
acredita que as informações trazidas pela nova testemunha indicam que o caso não está encerrado. A testemunha seria um preso
que está sendo protegido e mantido sob sigilo.
A testemunha tem "credibilidade", na avaliação do Ministério
Público, e suas informações citam
um grupo de pessoas ainda não
investigadas -entre elas, autoridades policiais- como envolvidas no crime.
A promotoria de Justiça acredita que a apuração do assassinato
não foi completa, na época, por
causa do envolvimento de autoridades coniventes com os fazendeiros na investigação.
A opinião é corroborada pela
viúva do líder seringueiro, Ilzamar Gadelha Mendes. "Sempre
achamos que o Darly não agiu sozinho", disse ela. Ela lamentou o
fato de os condenados não estarem presos, e disse que viu Darly
circulando por Xapuri há cerca de
20 dias. A Agência Folha não conseguiu entrar em contato com eles
ou com seus advogados.
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