|
Texto Anterior | Índice
PERSONALIDADE
Constitucionalista, Bastos dirigia o IBDC
Advogado Celso Bastos morre de leucemia aos 64 anos em S. Paulo
DA REPORTAGEM LOCAL
O advogado Celso Ribeiro Bastos, 64, especialista em direito
constitucional, morreu anteontem, às 18h, em São Paulo. Foi sepultado ontem, às 13h, no cemitério Congonhas, na capital paulista. Bastos sofria de leucemia havia
cerca de quatro anos. Há dez dias,
seu estado piorou e ele foi internado no último dia 2 no hospital
Beneficência Portuguesa. Ele era
divorciado e deixou três filhas.
Bastos era professor de direito
constitucional e coordenador do
curso de pós-graduação em direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Orientou o
doutoramento do professor Carlos Ayres de Britto, recentemente
indicado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Atualmente, Bastos era também
diretor-geral do IBDC (Instituto
Brasileiro de Direito Constitucional), órgão que fundou em 1978
com Celso Antônio Bandeira de
Mello, entre outros. O IBDC foi
pioneiro na organização de congressos nacionais sobre direito
constitucional, que se tornaram
referência na discussão do tema.
Bastos e o advogado Ives Gandra da Silva Martins lançaram,
entre 1987 e 1998, a coleção "Comentários à Constituição do Brasil", obra com 15 volumes e que já
vendeu mais de 120 mil cópias.
Segundo Gandra Martins, Bastos tinha um conhecimento universal, que ia além do direito, o
qual lhe permitia discorrer sobre
economia e política com muita
propriedade. "Toda sua interpretação [da Constituição] era feita a
partir do contexto que levou o
constituinte a criá-la", disse Martins. Segundo ele, Bastos também
"era um polemista fantástico".
Para o ministro do STF Gilmar
Mendes, que representou o Supremo no enterro, a morte de Celso Bastos é uma perda para o direito brasileiro. "Bastos era um
profissional inventivo, criativo e
que participava ativamente das
questões atuais. Se estivesse em
condições, ele estaria discutindo
as reformas da Previdência e tributária", declarou o ministro.
Para o deputado federal Michel
Temer (PMDB-SP), Bastos foi um
dos maiores constitucionalistas
do Brasil: "Ele prestou uma colaboração extraordinária ao estudo
do direito público no país".
"Começamos juntos na PUC,
fomos procuradores do Estado na
mesma época e tivemos escritório
juntos. No plano pessoal, senti
muito a morte dele", disse Temer.
Para o ex-ministro do STF Oscar Dias Corrêa, que participou
da direção do IBDC, a morte de
Bastos "foi uma perda não só para
as letras jurídicas, mas para para
todo operador do direito, que deve aprender como atuar através
do conhecimento dele".
Texto Anterior: Judiciário: Promotores criticam decisão do STF Índice
|