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São Paulo, sábado, 10 de maio de 2003

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PERSONALIDADE

Constitucionalista, Bastos dirigia o IBDC

Advogado Celso Bastos morre de leucemia aos 64 anos em S. Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado Celso Ribeiro Bastos, 64, especialista em direito constitucional, morreu anteontem, às 18h, em São Paulo. Foi sepultado ontem, às 13h, no cemitério Congonhas, na capital paulista. Bastos sofria de leucemia havia cerca de quatro anos. Há dez dias, seu estado piorou e ele foi internado no último dia 2 no hospital Beneficência Portuguesa. Ele era divorciado e deixou três filhas.
Bastos era professor de direito constitucional e coordenador do curso de pós-graduação em direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Orientou o doutoramento do professor Carlos Ayres de Britto, recentemente indicado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Atualmente, Bastos era também diretor-geral do IBDC (Instituto Brasileiro de Direito Constitucional), órgão que fundou em 1978 com Celso Antônio Bandeira de Mello, entre outros. O IBDC foi pioneiro na organização de congressos nacionais sobre direito constitucional, que se tornaram referência na discussão do tema.
Bastos e o advogado Ives Gandra da Silva Martins lançaram, entre 1987 e 1998, a coleção "Comentários à Constituição do Brasil", obra com 15 volumes e que já vendeu mais de 120 mil cópias.
Segundo Gandra Martins, Bastos tinha um conhecimento universal, que ia além do direito, o qual lhe permitia discorrer sobre economia e política com muita propriedade. "Toda sua interpretação [da Constituição] era feita a partir do contexto que levou o constituinte a criá-la", disse Martins. Segundo ele, Bastos também "era um polemista fantástico".
Para o ministro do STF Gilmar Mendes, que representou o Supremo no enterro, a morte de Celso Bastos é uma perda para o direito brasileiro. "Bastos era um profissional inventivo, criativo e que participava ativamente das questões atuais. Se estivesse em condições, ele estaria discutindo as reformas da Previdência e tributária", declarou o ministro.
Para o deputado federal Michel Temer (PMDB-SP), Bastos foi um dos maiores constitucionalistas do Brasil: "Ele prestou uma colaboração extraordinária ao estudo do direito público no país".
"Começamos juntos na PUC, fomos procuradores do Estado na mesma época e tivemos escritório juntos. No plano pessoal, senti muito a morte dele", disse Temer.
Para o ex-ministro do STF Oscar Dias Corrêa, que participou da direção do IBDC, a morte de Bastos "foi uma perda não só para as letras jurídicas, mas para para todo operador do direito, que deve aprender como atuar através do conhecimento dele".


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