São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pepista recebeu R$ 5 mil na conta, indica gravação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pelo menos um deputado federal investigado na Operação Sanguessuga por suposto envolvimento com o esquema de venda de ambulâncias superfaturadas recebeu dinheiro diretamente em sua conta dos integrantes da quadrilha que operava a fraude, segundo a Polícia Federal.
Em conversa captada pela PF, Luiz Antônio Vedoin e Alessandra Trevisan, filhos de Darci Vedoin (apontado como chefe da quadrilha), falam sobre pagamentos que deveriam fazer a uma série de pessoas. De acordo com a PF, no caso do deputado Reginaldo Germano (PP-BA), eles dispensaram a utilização de "um laranja" e fizeram o depósito na conta do próprio deputado.
A conversa ocorreu no dia 22 de dezembro do ano passado. Luiz Antônio discorre sobre todos os pagamentos que deveriam ser efetuados naquele dia. Diz que não pronunciaria os nomes completos dos beneficiários, somente as iniciais. Num deles, fala: "R$ 15 mil, ED, Reginaldo Germano", mencionando também os números da agência, da conta e do CPF.
No dia seguinte, Alessandra descreve a Luiz Antônio relação de pessoas e empresas para as quais haviam sido efetuados pagamentos. Entre as quais, "Reginaldo, R$ 5 mil".
A PF levantou também pagamentos para uma série de assessores de parlamentares, entre os quais dos deputados Maurício Rabelo (PL-TO) e Elaine Costa (PTB-RJ) e o senador Ney Suassuna (PMDB-PB).

Explicações
A notícia de que novos deputados estariam envolvidos com a máfia dos sanguessugas levou parlamentares a darem explicações ontem no Congresso.
Em nota, o deputado João Grandão (PT-MS) afirmou que suas emendas atendem a reivindicações dos municípios e que o "acompanhamento do processo de licitação objeto das emendas não cabe ao seu autor". O deputado diz que "possui o Ministério da Saúde o poder constitucional, instrumental e métodos de fiscalização e controle para que o objeto do contrato seja atendido".
O deputado Enio Tatico (PTB-GO) declarou que nunca apresentou emendas ao Orçamento para compra de ambulâncias. Segundo o deputado, foram apresentadas algumas emendas para "atenção básica à saúde", que ficam a critério do município beneficiado.
A deputada Kátia Abreu (PFL-TO) se disse "chocada" com a inclusão de seu nome no escândalo. Ela também afirmou nunca ter apresentado nenhuma emenda para ambulâncias.
Ann Pontes (PMDB-PA) chorou aos se defender no plenário da Câmara. "Fui surpreendida por uma notícia lamentável, de que meu nome estaria incluído no rol de deputados envolvidos na denominada Operação Sanguessuga. A minha primeira atitude foi me reunir com os funcionários do meu gabinete para avisar que vinha a esta tribuna dizer que colocaria à disposição meus sigilos fiscal, telefônico e bancário, assim como os de todas as pessoas que trabalham em meu gabinete."
O deputado Feu Rosa (PP-ES) disse que a acusação contra ele representa "calúnia e difamação".


Texto Anterior: Máfia dos sanguessugas: Câmara quer arquivar maioria das suspeitas
Próximo Texto: Máfia dos sanguessugas: Fiscalização sobre emendas é frouxa, diz ministro da Saúde
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.