São Paulo, quinta-feira, 10 de maio de 2007

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Documento de CNBB diz que há uma "crise ética" no Congresso

Texto sobre a situação política do Brasil menciona também preocupação com "fortes indícios de corrupção" no Judiciário

Entidade reitera oposição ao aborto e afirma que é necessário avançar no desenvolvimento "com inclusão e justiça social"


SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM INDAIATUBA

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) divulgou ontem, no encerramento de sua 45ª Assembléia Geral, em Indaiatuba (SP), documento no qual aponta a existência de uma "crise ética" no Congresso e manifesta preocupação com "fortes indícios de corrupção" no Judiciário.
Tradicionalmente divulgado ao final do encontro da entidade, o documento sobre o quadro político do país reafirma ainda a posição contrária dos bispos à legalização do aborto e ao uso de embriões humanos para fins terapêuticos e, indiretamente, à eutanásia.
O aborto tem sido alvo de polêmica entre o governo federal e a Igreja Católica. "É preciso defender a vida desde a aurora da concepção até o seu natural ocaso", diz o texto.
Houve crítica também à proposta de redução da maioridade penal para 16 anos, aprovada no último dia 16 pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, considerando-a um "paliativo" que não atinge a raiz da violência.
Sobre a atuação do governo federal, o documento afirma que os pobres estão sendo beneficiados pelos programas sociais, mas que é preciso avançar no desenvolvimento "com inclusão e com justiça social".
Na questão econômica, o documento coloca que a produção de etanol no Brasil não pode ser feita em detrimento da reforma agrária, do equilíbrio ecológico e da necessidade alimentar.
O documento foi elaborado por uma comissão e submetido à aprovação de todos os bispos presentes. A assembléia reuniu 330 bispos. "Valorizamos o que tem de bom [no governo] sem endeusar, dizendo que é preciso ir à frente, principalmente com mudanças estruturais como a reforma política", disse d. Moacyr Grechi, arcebispo de Porto Velho (RO), que coordenou a comissão.
Na proposta inicial, o texto havia incluído propostas da 4ª Semana Social da entidade, de novembro de 2006, como a regulação da economia pelo Estado e um plebiscito para avaliar supostas perdas causadas pela privatização da Vale do Rio Doce. As propostas foram retiradas na discussão em plenário.
No encerramento, tomou posse a nova direção da CNBB. D. Geraldo Lyrio Rocha, o presidente, disse que o presidente Lula convidou a nova direção a se reunir com os ministros da área social. Sem citar o aborto, d. Geraldo Lyrio disse que a CNBB irá levar para o governo todas as questões "referentes à vida, inclusive as que estão em andamento no Congresso".


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