São Paulo, sábado, 10 de maio de 2008

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CNBB declara "indignação" em relação à absolvição de fazendeiro no caso Dorothy

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos no Brasil) se manifestou contrariamente à absolvição do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, suspeito de ter mandado matar a missionária Dorothy Stang em fevereiro de 2005. Em nota, expressou "indignação ética".
"Estamos diante de uma situação que é apenas um exemplo a mais de como ainda temos que caminhar na reforma do judiciário", disse dom Dimas Lara Barbosa.
Dom Luiz Soares Vieira, vice-presidente da CNBB e arcebispo de Manaus, disse acreditar que a "impunidade" com o resultado do julgamento pode encorajar o uso de violência em casos semelhantes. Ele afirmou que confia na revisão do caso.

Conflito
Sobre o conflito entre arrozeiros e indígenas na reserva Raposa/Serra do Sol (RR), a entidade disse ser conseqüência da ausência do Estado na área.
"O que realmente está ocorrendo nessas regiões é a ausência do Estado. Falta saúde, educação e presença da segurança. Mas isso não é só lá, a Amazônia toda está nessa situação", afirmou o vice-presidente da CNBB. Ele disse que algumas regiões do país podem, sim, ser chamadas de "terra sem lei".
A CNBB defende a demarcação contínua do território indígena. Vieira afirmou que experiências com ilhas dentro da terra demarcada não foram bem-sucedidas. O arcebispo também criticou a afirmação de que a reserva atrapalharia a defesa do território nacional.
"Veja a fronteira com a Colômbia. Por que a guerrilha não entrou em território brasileiro, já que os pelotões de fronteira estão muito longe um do outro? Por causa dos índios. E por que eles estão hoje nas fronteiras? Porque eles foram escorraçados", afirmou. (JOHANNA NUBLAT)


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