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memória
STJ rejeitou federalizar caso Dorothy
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) rejeitou,
em 2005, pedido da Procuradoria Geral da República para que a investigação e o julgamento do assassinato da freira Dorothy Stang fossem deslocados para a Justiça Federal. O júri poderia ter sido
realizado em outro Estado, como no caso do ex-deputado Hildebrando Pascoal: seus crimes foram
praticados em Rio Branco
(AC), mas o julgamento foi
feito em Brasília.
Por unanimidade, oito
membros da Terceira Seção do STJ rejeitaram a
proposta, acompanhando
o voto do relator, ministro
Arnaldo Esteves Lima.
O pedido foi do então
procurador-geral da República Cláudio Fonteles,
apoiado pela seccional da
OAB no Pará e por David
Stang, irmão da vítima,
que atuava como assistente do Ministério Público
estadual e temia a ineficácia das instituições locais.
Fonteles citou relatório
da polícia estadual, que
tratou Dorothy como
"mentora da emboscada",
e trecho da Promotoria do
Pará, apresentando-a como "integrante da quadrilha que fornecia alimentação aos denunciados e invasores da fazenda".
O STJ entendeu que o
pedido não atendia a todos
os requisitos legais e que
as autoridades estaduais
estavam "empenhadas na
apuração dos fatos". Além
disso, a mudança poderia
"dificultar o andamento
do processo criminal e
atrasar o seu desfecho".
O ministro Paulo Galotti viu "uma exploração
sensacionalista do julgamento" e "certo preconceito com a Justiça estadual". "A Justiça local vem
cumprindo exemplarmente sua missão", disse o
ministro Nilson Naves.
O presidente do Tribunal de Justiça do Pará, desembargador Milton Augusto de Brito Nobre, insurgiu-se contra a pretensão de Fonteles. "Não pode o Judiciário ser palco
de julgamento de condutas políticas", afirmou.
"Não se pode tolerar que
seja atribuída somente às
autoridades locais a omissão das instituições federais", disse Brito Nobre, ao
criticar a ação da União
nos conflitos agrários, na
exploração da madeira e
de minérios e na definição
das reservas e das áreas de
proteção aos índios.
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