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Paulinho e seu advogado se contradizem sobre depósito
Deputado afirma que R$ 37,5 mil foram para pagar dívidas; seu defensor nega
Recursos foram depositados
por consultor preso pela PF
na conta da ONG presidida
pela mulher do deputado
e dirigente da Força Sindical
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, entrou ontem em contradição com seu advogado,
Antonio Rosella, ao explicar
um depósito de R$ 37,5 mil feito pelo consultor da Força Sindical João Pedro de Moura,
preso pela Operação Santa Tereza, da Polícia Federal, na conta da organização não-governamental Meu Guri, presidida pela mulher do deputado, a também sindicalista Elza de Fátima Costa Pereira.
Em entrevista coletiva, o parlamentar reconheceu que
Moura é consultor da direção
estadual da Força Sindical de
São Paulo, por meio de contrato com uma empresa cujo nome ele disse não saber.
Paulinho, Elza, Rosella e o
sindicalista Eleno José Pereira,
do sindicato dos metalúrgicos
de São Paulo, convocaram ontem uma entrevista coletiva na
sede do Meu Guri, na região
serrana de Mairiporã (35 km de
São Paulo). O projeto atende
cerca de 40 crianças e adolescentes. Elza anunciou que, por
meio de um ofício a ser enviado
à 2ª Vara Federal, abrirá mão
do sigilo bancário da entidade.
O depósito de Moura para a
ONG foi feito no último dia 1º
de abril e descoberto pela Polícia Federal durante a operação
de busca e apreensão realizada
no último dia 24.
Segundo a versão apresentada à imprensa pelo advogado
do parlamentar, Antônio Rosella, Moura assinou em 2004
uma procuração pela qual concedeu a Elza o direito de vender
um apartamento pertencente a
ele no Jardim Aclimação, avaliado em R$ 100 mil. Moura, segundo Rosella, queria que o valor da venda fosse revertido para a ONG. Entre 2004 e 2008, o
apartamento não foi vendido e
acabou gerando dívidas de R$
37 mil com impostos e taxas de
condomínio.
Quando o advogado falava,
Paulinho o interrompeu: "Os
[R$] 37 mil, tem que ficar claro,
foirampara pagar as dívidas do
apartamento". Mais à frente, o
parlamentar insistiu: "Até porque a dívida ficou com o Meu
Guri. Não é justo que a gente tire dinheiro das crianças. É que
a dívida é nossa. A dívida ficou
com o projeto".
Na versão do parlamentar,
Moura teria feito um pagamento para a ONG com o fim exclusivo de pagar uma dívida. Mas a
defesa apresentada pelo advogado é que o dinheiro ficou na
conta do projeto, tratando-se
de uma doação direta, sem relação com as dívidas.
O advogado corrigiu pelo menos duas vezes o deputado, ao
afirmar que, na verdade, as dívidas do apartamento não foram pagas pelo Meu Guri.
Indagado por um jornalista
se Moura fez uma doação à
ONG, Paulinho antecipou-se:
"Não doou". Em seguida seu
advogado corrigiu: "Doou. Veja
bem. O apartamento (...) teve
uma dívida de IPTU, de condomínio. Então ele [Moura] depositou R$ 37 mil na conta do
Meu Guri. Foi desfeita a doação". Mais à frente, disse que "o
Meu Guri não está pagando nada. A doação do imóvel se
transformou numa doação em
dinheiro".
O parlamentar passou a afirmar que "o dinheiro está na
conta [da ONG] e, para tirar todas as dúvidas, a Elza está quebrando o sigilo bancário" da entidade. As dívidas do imóvel
não foram pagas pela ONG. "Isso é problema dele [Moura]",
disse Rosella.
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