São Paulo, sábado, 10 de maio de 2008

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PF agora quer saber quem passou dossiê para o vazador

LEONARDO SOUZA
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal vai concentrar os próximos passos da investigação do dossiê na identificação de quem produziu o documento e do responsável por tê-lo passado, dentro da Casa Civil, para José Aparecido Nunes Pires, funcionário apontado como autor do vazamento para a oposição dos relatórios com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Secretário de Controle Interno da Casa Civil, Aparecido não participou diretamente da confecção do dossiê. Por determinação de Erenice Guerra, secretária-executiva e braço direito da ministra Dilma Rousseff, ele e outros quatro secretários e diretores da Casa Civil cederam funcionários para integrar a força-tarefa encarregada de extrair e organizar dados das contas do governo tucano.
Com mais 60 dias para apresentar conclusões, a PF vai periciar nove novos computadores auditados pelo ITI (Instituto Nacional de Tecnologia da Informação), entre os quais o computador do funcionário da Casa Civil no qual foram recuperados e-mails para o assessor do senador tucano Álvaro Dias.
Já com a primeira parte da perícia nos computadores dos servidores da Casa Civil concluída, a polícia vai qualificar quem participou diretamente da produção do documento. Depois, tentará identificar quem entregou o dossiê a Aparecido, uma vez que seu computador não estava sendo usado para lançar os gastos.
As suspeitas da PF recaem sobre os dois funcionários cedidos por Aparecido para integrar a força-tarefa.
Anteontem, o delegado encarregado das investigações, Sérgio Menezes, disse que, com a confirmação de que foi Aparecido quem repassou o documento para a oposição, "ficou mais fácil fechar o cerco sobre o vazamento". Conforme a Folha publicou ontem, em 20 de fevereiro, uma quarta-feira, às 10h47, Aparecido enviou para o servidor do Senado André Fernandes, assessor de Álvaro Dias, um e-mail com o dossiê anexado. A seqüência das correspondências começara um dia antes, com mensagem intitulada "Cenas brasileiras".
Na seqüência, ainda na terça-feira, Aparecido pergunta: "Vamos almoçar nesta semana?". Fernandes só responde no dia seguinte, dizendo que ligaria para ele na quinta-feira. Aparecido, então, encaminha mensagem dizendo: "André, leia o texto". Anexados ao e-mail, havia dois arquivos, um em Word e o outro era a planilha em Excel.
O dossiê enviado por Aparecido era o resultado de uma semana de trabalho da equipe da Casa Civil, conforme a Folha publicou no dia 4 de abril. A primeira reunião de trabalho para definir como o material seria organizado ocorreu na sexta, 8 de fevereiro.
Da reunião participaram Erenice, Aparecido, o secretário de Administração, Norberto Temóteo Queiroz, a chefe-de-gabinete de Erenice, Maria de La Soledad Castrillo, que também responde pela Dilog (Diretoria de Logística), e o responsável pela Dirof (Diretoria de Orçamento e Finanças), Gilton Saback Maltez.
Na segunda seguinte, 11 de fevereiro, as informações tiradas do arquivo morto do Planalto começaram a ser lançadas em planilhas, numa base paralela ao Suprim, o sistema oficial de controle de suprimento da Presidência. A última modificação no arquivo enviado por Aparecido foi feita no dia 18 daquele mês. Dois dias depois ele mandaria o dossiê para o e-mail de Fernandes.


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