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PF agora quer saber quem passou dossiê para o vazador
LEONARDO SOUZA
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal vai concentrar os próximos passos da investigação do dossiê na identificação de quem produziu o documento e do responsável por
tê-lo passado, dentro da Casa
Civil, para José Aparecido Nunes Pires, funcionário apontado como autor do vazamento
para a oposição dos relatórios
com gastos do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso.
Secretário de Controle Interno da Casa Civil, Aparecido não
participou diretamente da confecção do dossiê. Por determinação de Erenice Guerra, secretária-executiva e braço direito da ministra Dilma Rousseff, ele e outros quatro secretários e diretores da Casa Civil
cederam funcionários para integrar a força-tarefa encarregada de extrair e organizar dados
das contas do governo tucano.
Com mais 60 dias para apresentar conclusões, a PF vai periciar nove novos computadores auditados pelo ITI (Instituto Nacional de Tecnologia da
Informação), entre os quais o
computador do funcionário da
Casa Civil no qual foram recuperados e-mails para o assessor
do senador tucano Álvaro Dias.
Já com a primeira parte da
perícia nos computadores dos
servidores da Casa Civil concluída, a polícia vai qualificar
quem participou diretamente
da produção do documento.
Depois, tentará identificar
quem entregou o dossiê a Aparecido, uma vez que seu computador não estava sendo usado para lançar os gastos.
As suspeitas da PF recaem
sobre os dois funcionários cedidos por Aparecido para integrar a força-tarefa.
Anteontem, o delegado encarregado das investigações,
Sérgio Menezes, disse que, com
a confirmação de que foi Aparecido quem repassou o documento para a oposição, "ficou
mais fácil fechar o cerco sobre o
vazamento". Conforme a Folha publicou ontem, em 20 de
fevereiro, uma quarta-feira, às
10h47, Aparecido enviou para o
servidor do Senado André Fernandes, assessor de Álvaro
Dias, um e-mail com o dossiê
anexado. A seqüência das correspondências começara um
dia antes, com mensagem intitulada "Cenas brasileiras".
Na seqüência, ainda na terça-feira, Aparecido pergunta: "Vamos almoçar nesta semana?".
Fernandes só responde no dia
seguinte, dizendo que ligaria
para ele na quinta-feira. Aparecido, então, encaminha mensagem dizendo: "André, leia o texto". Anexados ao e-mail, havia
dois arquivos, um em Word e o
outro era a planilha em Excel.
O dossiê enviado por Aparecido era o resultado de uma semana de trabalho da equipe da
Casa Civil, conforme a Folha
publicou no dia 4 de abril. A
primeira reunião de trabalho
para definir como o material
seria organizado ocorreu na
sexta, 8 de fevereiro.
Da reunião participaram
Erenice, Aparecido, o secretário de Administração, Norberto Temóteo Queiroz, a chefe-de-gabinete de Erenice, Maria
de La Soledad Castrillo, que
também responde pela Dilog
(Diretoria de Logística), e o
responsável pela Dirof (Diretoria de Orçamento e Finanças),
Gilton Saback Maltez.
Na segunda seguinte, 11 de
fevereiro, as informações tiradas do arquivo morto do Planalto começaram a ser lançadas em planilhas, numa base
paralela ao Suprim, o sistema
oficial de controle de suprimento da Presidência. A última
modificação no arquivo enviado por Aparecido foi feita no
dia 18 daquele mês. Dois dias
depois ele mandaria o dossiê
para o e-mail de Fernandes.
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