São Paulo, sábado, 10 de maio de 2008

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Bloquinho reprova negociação de Erundina

Líderes do PSB priorizam candidatura do grupo e dizem que costura de alianças não deve de ser feita "entre pessoas"

Deputado Aldo Rebelo, do PC do B, é o nome fechado para representar o bloco, formado também pelo PDT e que é cobiçado por Marta


DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O bloquinho, formado por PSB, PC do B e PDT, desautorizou ontem a deputada Luiza Erundina (PSB) por negociar diretamente uma aliança com o PT em São Paulo. Sondada para ser vice da ministra Marta Suplicy na capital, Erundina disse à Folha que aceitaria.
Mas, já na véspera, antes da entrevista, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) condenara, numa reunião com Erundina, a costura da aliança à revelia dos demais partidos do bloco.
Potencial candidato à Presidência e interessado na construção de um palanque na cidade para 2010, Ciro recomendou a Erundina que se priorize o bloco e lembrou a ela que existe um compromisso com o deputado Aldo Rebelo (PC do B).
Quarta-feira, após informar o presidente do PSB, governador Eduardo Campos (PE), do convite, Erundina foi chamada para uma reunião com o comando do partido.
Nela, Ciro defendeu a unidade do bloco. Um dos participantes, o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, resumiu: "Devemos pensar no médio e no longo prazo. É importante construir palanque sólido para Ciro em São Paulo e no Rio".
Amaral disse que "a prioridade é a candidatura própria [do bloquinho] e não está descartada a aliança [com o PT], desde que a negociação seja com o bloco". O nome do vice seria discutido em grupo. "Não entre pessoas", afirmou.
Até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou para o presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), para pedir cuidado na abordagem ao bloquinho. Lula afirmou a Berzoini que não quer ver "atropelo" ao grupo, que é um aliado nacional.
A Folha apurou que o próprio Aldo fez chegar ao Palácio do Planalto sua contrariedade. Em conversas, os petistas teriam atribuído o assédio à ameaça de Marta desistir caso não engrosse seu tempo de TV.
O PT teria até se comprometido a deixar a prefeitura com Erundina a partir de 2010, ano em que Marta disputaria o governo de São Paulo. Apesar da tentação de contar com uma aliada na prefeitura para a corrida presidencial, os aliados de Ciro duvidam da hipótese.
Daí, a intenção de investir em Aldo para a consolidação de um palanque em 2010. Como existe resistência a Erundina dentro do PT, Aldo também é cobiçado para ocupar a vaga de vice de Marta.
Difícil será convencê-lo. Também presente à reunião, o presidente estadual do PSB, Márcio França, avisou: "A candidatura a vice de alguém só acontecerá se não houver candidatura do bloco".
(CATIA SEABRA, KENNEDY ALENCAR E RANIER BRAGON)


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