São Paulo, domingo, 10 de junho de 2001

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SUCESSÃO NO ESCURO

Há negociações com PPS e PMDB

Política de alianças para disputa ao Planalto em 2002 divide PT

DA REPORTAGEM LOCAL

A negociação de uma aliança do PT com outros setores da oposição, defendida por seu provável candidato presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva, está sendo criticada nas próprias fileiras petistas.
É o que indica uma análise das teses inscritas pelas sete chapas que vão disputar a primeira eleição direta para presidente e diretório nacional do partido, em 16 de setembro. A ampliação do leque de alianças do PT está no topo da lista de prioridades do chamado "Campo Majoritário", que reúne facções de "direita" e "centro" e controla hoje o partido.
O presidente nacional do partido, José Dirceu, candidato à reeleição, sonha unificar a oposição, aliando-se a Ciro Gomes (PPS), Itamar Franco (PMDB) e Anthony Garotinho (PSB).
As outras chapas, no entanto, têm críticas à política de alianças. Com cerca de 10% do Diretório Nacional, a ala esquerdista Democracia Socialista, que lidera uma das chapas, classifica Itamar e Ciro de "oposição burguesa".
O ex-presidente é responsabilizado pela DS, que tem como candidato a presidente o ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont, por ter "promovido um avanço substancial dos direitos do grande capital financeiro, em detrimento da soberania nacional".
Linha semelhante segue a chapa liderada pela Articulação de Esquerda, que diz que a política de alianças não deve ser pensada "apenas para vencer as eleições, mas para mudar o país".
Já a chapa "Por um Socialismo Democrático" defende aliança estratégica com os partidos da Frente Popular -conjunto de legendas que apoiaram Lula em 1998.
Mesmo as chapas "de centro" ou "moderadas" têm críticas.
"Não há sentido em falar em aliança com setores do PMDB que fazem oposição ao governo. O partido ainda é controlado por governistas", diz o vereador de Porto Alegre José Fortunati, candidato por uma chapa "próxima ao centro". Ele admite aliança apenas no segundo turno.
Já Tilden Santiago, que pertence à moderada "Movimento PT", diz que a atual direção deveria mostrar mais empenho em evitar o isolamento do PT no primeiro turno. Santiago lembra o "salto alto" do partido em 1994, quando dava como certa uma vitória de Lula e quem acabou eleito foi Fernando Henrique Cardoso.

Tranquilidade
Ninguém no PT duvida da reeleição de Dirceu à presidência. As tendências críticas à ampla aliança, no entanto, estarão representadas no novo diretório nacional, de acordo com as regras de proporcionalidade. (FÁBIO ZANINI)

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