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OPERAÇÃO VAMPIRO
Movimentação de milhões de dólares dos acusados de fraudes na Saúde caracteriza lavagem de dinheiro
Investigação aponta contas em paraíso fiscal
ANDRÉA MICHAEL
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Lobistas e empresários acusados de fraudar compras de medicamentos do Ministério da Saúde
usaram "offshores" -empresas
com sede em paraísos fiscais-
para movimentar milhões de dólares. As operações, que estão sob
investigação da Polícia Federal e
do Ministério Público no âmbito
da Operação Vampiro, representam fortes indícios de lavagem de
dinheiro. O período em que ocorreram ainda não foi definido.
Até o momento, já foram identificadas quatro "offshores", todas
com sede no Uruguai. O proprietário de duas delas -Fargin S.A. e
Southwest Trade-, conforme a
investigação, é o empresário Jaisler Jabour de Alvarenga.
A Fargin S.A. tem uma filial no
Brasil, a Fargin Ltda., que recebeu, a título de investimento da
matriz, pelo menos duas remessas
de cerca de US$ 1 milhão cada
uma. Suspeita-se que sejam operações para esquentar dinheiro
obtido de fraude e remetido para
o exterior. Trata-se de conhecida
operação de lavagem de dinheiro,
de acordo com a investigação.
A Fargin Ltda. tem como sócia
uma das filhas de Jabour, Kely. A
outra filha, Elen, tem participação
na empresa ITCLAB, cuja sócia-gerente também é uma "offshore"
uruguaia -a Southwest Trade.
Há elementos para indiciar Kely
e Elen, segundo um investigador
que trabalha no caso. A PF indiciou em maio os 17 lobistas, empresários e servidores, presos pela
Operação Vampiro, por formação de quadrilha, corrupção ativa
e passiva e lavagem de dinheiro.
Os dados levantados na investigação até o momento permitem
concluir que os lobistas -entre
eles Lourenço Rommel Peixoto,
Laerte Corrêa Júnior e Francisco
Danúbio Honorato- intermediavam interesses de laboratórios.
O pagamento pelos "serviços"
era contabilizado mediante a
apresentação de notas fiscais de
empresas de consultoria -Honorato, por exemplo, costumava
emitir notas acima de R$ 100 mil.
Ao menos parte do dinheiro recebido pelos lobistas foi para o exterior. De lá, pode ter sido repatriado ou movimentado no mercado
financeiro internacional. Falta
descobrir o caminho para mandar o dinheiro para fora do país.
Há pelo menos quatro contas
bancárias de Jabour no exterior,
de acordo com a investigação. E
também são investigadas operações financeiras na Suíça e em
países do Caribe.
Ao contrário de Jabour, o lobista Laerte Corrêa Júnior não costuma apresentar o próprio nome
para registrar seu patrimônio.
Antes de ser preso, usava dois automóveis Porsche, mas só tem oficialmente como seu um Gol. Um
dos Porsche constava como pertencente à sua mãe, Maria Tereza
Moregola de Arruda Corrêa, conforme dados levantados no caso.
Maria Tereza é dona da empresa MMV, de cuja conta o filho,
preso, tentou, com a intermediação de um advogado, sacar R$ 4,5
milhões. É por meio da MMV que
Corrêa estabeleceu seu vínculo
com o exterior. Sócia-gerente da
MMV, a "offshore" Hover West
pertence ao lobista, que também é
o seu procurador no Brasil.
Outra "offshore" uruguaia descoberta é a Belatir Investimentos
S.A., que seria de Cadmo Peixoto,
irmão de Lourenço Peixoto, preso, mas solto. Segundo as apurações, as composições societárias
envolvendo as mesmas pessoas
são indícios de rede criada para
circular o dinheiro das fraudes.
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