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PIRATARIA
Comissão foi muito pressionada, diz Medeiros; presidente do PP será investigado pela corregedoria da Câmara
CPI acusa mais de 100; deputado só é citado
LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relatório final da CPI da Pirataria foi aprovado ontem por unanimidade na Comissão Especial
da Câmara dos Deputados. Nele
são denunciadas mais de cem
pessoas. Entre elas, são apontados
empresários, juízes, policiais e políticos. O relatório cita o suposto
envolvimento do deputado federal e presidente do PP, Pedro Corrêa (PE), em irregularidades.
Depois de ter sido entregue na
tarde de ontem ao presidente da
Câmara, João Paulo Cunha, o relatório, agora, será encaminhado
aos ministérios públicos estaduais e da União, às polícias Civil
e Federal e à Receita Federal.
A comissão completou ontem
um ano e quatro dias de investigação. Além das 224 páginas do relatório, foram anexadas cerca de
300 mil laudas de documentos.
O texto do relator Josias Quintal
(PMDB-RJ) diz que o país deixa
de arrecadar R$ 8 bilhões por ano
em sonegação fiscal de produtos
pirateados, além do prejuízo que
trazem para as empresas formais.
No país, diz Quintal no relatório,
há uma rede criminosa que se
apóia no desemprego, na corrupção dos agentes públicos, na impunidade e nas brechas da lei.
"A CPI mostra apenas a ponta
de um grande iceberg. O Brasil, se
não adotar posturas firmes, corre
um risco sério de uma desorganização de sua economia. É preciso
reagir. Esse esforço deve partir do
governo federal, que é o maior
responsável. Aliás é conivente em
alguma situações e negligente em
outras", afirmou Quintal.
Os deputados encaminharão às
corregedorias das polícias Civil,
Militar e Federal os nomes de policiais sobre os quais pesam "fortes suspeitas" de corrupção. Os
nomes não foram colocados no
relatório, pois não há provas concretas. São mais de 40 suspeitos.
Pressão política
No discurso de encerramento
dos trabalhos da CPI, o presidente
da comissão, Luiz Antonio de
Medeiros (PL-SP), disse que houve pressão política para o deputado federal Corrêa não ser investigado. O presidente do PP é acusado de envolvimento com uma
quadrilha de contrabando de cigarros. Segundo Medeiros, os
parlamentares tiveram de fazer
um acordo para conseguir dar
prosseguimento às investigações.
"Foi sempre difícil para nós
analisar o problema do nosso
companheiro Pedro Corrêa. Com
todas as dificuldades para investigar o colega, nós fizemos um
acordo tácito e decidimos que
quem levaria essa investigação era
a corregedoria da Câmara", afirmou Medeiros no discurso.
Questionado quem teria feita a
pressão sobre os parlamentares
da CPI, Medeiros respondeu:
"Todos". O nome de Corrêa aparece nas conversas telefônicas
gravadas entre seus filhos e Ari
Natalino, o Lobão, preso em 2003
por sonegação fiscal e adulteração
de combustível. Natalino é apontado como o maior contrabandista de cigarros do país. O relatório
da CPI denuncia a filha do deputado, Aline Lemos Corrêa de Oliveira Andrade, e seu marido, José
Antônio Neuwald, por crime contra a ordem tributária. Neuwald e
Aline figuram, segundo a CPI, como sócios de empresa de cigarros.
A assessoria de imprensa de
Corrêa, afirmou, pelo segundo
dia consecutivo, que o deputado
não estava em seu gabinete, que
não tinha uma resposta para as
acusações e não sabia se o deputado iria divulgar uma nota.
À tarde, o relatório foi entregue
ao presidente da Câmara. "Qualquer pessoa envolvida em ilícitos
será punida, tendo mandato ou
não", disse Cunha. O corregedor
da Câmara, Luiz Piauhylino
(PTB-PE), afirmou que irá ler o
relatório e, na terça, divulgará um
cronograma de investigações.
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