São Paulo, sábado, 10 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006/ALIANÇAS

Freire fecha com PSDB, ataca PT e diz não apoiar "ladrão"

Presidente do PPS faz declaração a militantes ao justificar aliança com tucanos

Deputado diz que governo petista "é fraude que enxovalhou a esquerda'; PT estuda representar contra Freire em comissão de ética


Lula Marques - 06.abr.06/Folha Imagem
O deputado Federal e presidente do PPS, Roberto Freire (PE), que ontem fez ataque a Lula


JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao explicar a militantes de seu PPS por que não apoiará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições deste ano, o deputado federal Roberto Freire (PE) afirmou ontem que não estará ao lado de "um ladrão" na campanha.
"Eu contesto este governo [federal], não apenas no campo ético, mas moral, da decência. Eu tenho a coragem de dizer, quando alguém vem para mim e diz, "mas você está com [Geraldo] Alckmin [PSDB, principal adversário de Lula]", eu digo, mas eu não estou com ladrão, com ladrão, não, estou com Alckmin", disse.
Freire desferiu o ataque a portas fechadas, no evento que selou ontem a união do PPS à pré-candidatura do tucano José Serra ao governo paulista.
Ex-dirigente do PCB (Partido Comunista Brasileiro), do qual nasceu o PPS, Freire explicava a opção por Alckmin, apontado por parte de seu partido como de "centro-direita":
"Há um certo patrulhamento, como se fazer essa aliança com PSDB e PFL fosse algo que fosse manchar a nossa história. Manchar a história é se fizermos aliança com o PT, essa fraude que enxovalhou a esquerda, envolvendo-a naquilo que ela nunca esteve envolvida. Podemos cometer todos os erros, menos nos aliarmos à corrupção", afirmou ele.
Minutos depois, falando à imprensa, Freire foi firme nas nas críticas, mas não usou a expressão "ladrão".
Quando o presidente do PPS, que desistiu da pré-candidatura ao Planalto, já havia deixado o hotel onde ocorreu o encontro, um assessor que gravara seu discurso à portas fechadas, mostrou, a pedido de jornalistas, o trecho em que o deputado chama Lula de "ladrão".
Em 2002, o PPS apoiou Lula no segundo turno contra José Serra e chegou a fazer parte de seu governo. Segundo Freire, seu partido fez uma autocrítica por ter incorrido em "erro".
Questionado sobre o envolvimento do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) com o "valerioduto" que irrigou o mensalão, o deputado disse que "são coisas distintas".
O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, também deputado federal, disse que, se confirmadas as declarações, o partido deverá representar contra Freire no Conselho de Ética da Câmara.
"Para verificar a credibilidade de Roberto Freire, é só pegar os índices pífios de intenção de voto dele nas pesquisas em Pernambuco quando ainda era pré-candidato a presidente. Ele é coveiro do PPS", disse.
Em novembro, o PT representou no Conselho de Ética contra a deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP), que, também em evento partidário, disse que Lula era um "bandidão".
A Folha tentou ouvir novamente Freire ontem após a divulgação da gravação, mas sua assessoria não respondeu ao pedido de entrevista. Alckmin preferiu não comentar.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Mato Grosso ameaça aliança do PPS e PSDB
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.