São Paulo, domingo, 10 de junho de 2007

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Servo dizia que Morelli era "homem forte" do PT

Sócio o apresentava como integrante de campanhas

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA EM CAMPO GRANDE

RUBENS VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A CAMPO GRANDE

O empresário de jogos e candidato derrotado a deputado federal pelo PSB-MS em 2006, Nilton Cezar Servo, preso na Operação Xeque-Mate, apresenta Dario Morelli Filho, em uma conversa gravada em maio pela Polícia Federal, como o "homem forte" que estava na campanha do presidente Lula à reeleição e do petista Aloizio Mercadante ao governo de SP.
Compadre de Lula e filiado ao PT, Morelli também foi preso na Operação Xeque-Mate. Segundo a PF, ele é sócio de Servo em uma casa de jogos aberta em nome de um laranja em Ilhabela (SP). Até ser preso, Morelli era funcionário da empresa de saneamento de Diadema (SP), com salário de R$ 4.000. O prefeito da cidade, José de Fillipi Jr., foi tesoureiro da última campanha de Lula.
Servo e Morelli tiveram anteontem as prisões temporárias prorrogadas por mais cinco dias. Os dois foram indiciados sob suspeita de formação de quadrilha, contrabando de componentes de caça-níqueis, corrupção ativa e falsidade ideológica. A máfia dos caça-níqueis, do qual os dois fariam parte, movimentava, segundo a PF, R$ 250 mil diariamente.
No dia 24 de maio, a PF captou um diálogo de Servo com um homem não-identificado. Na conversa, Servo convida o interlocutor para um encontro. "Eu estou aqui com homem forte. Aquele que eu mandei você ligar na campanha para ele, que estava na campanha", diz Servo. "A do Lula?", pergunta o interlocutor. "É do Lula, do Mercadante", responde Servo. A PF diz em relatório que o tal homem forte é Morelli.
No diálogo, constata-se, segundo a PF, que Morelli "é ligado ao Partido dos Trabalhadores no Estado de São Paulo, tendo inclusive participado das campanhas eleitorais do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e do candidato derrotado ao governo de São Paulo Aloizio Mercadante".
Outras escutas telefônicas, segundo a PF, apontaram que Morelli corrompia policiais para manter os caça-níqueis. Em uma gravação ele aparece pedindo a um contador o documento da casa de jogos aberta em nome de laranja.
O advogado Milton Fernando Talzi, defensor de Morelli, afirmou que eu seu cliente tem uma empresa ativa em épocas de campanha eleitoral para aluguel de carros a campanhas. Segundo ele, Morelli era funcionário da casa de jogos em Ilhabela, e não dono, recebendo R$ 1.500 por mês. Talzi afirma que a casa funcionava com ordem judicial e que seu cliente não precisava corromper policiais. Omar Rasslan, defensor de Servo, disse que não pode falar sobre o caso porque o processo está em segredo de Justiça.


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