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JANIO DE FREITAS
O controle perdido
A origem do descontrole e seus frutos não está na Polícia Federal. Está em decisões do próprio Lula
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O PINGA-PINGA de informações
que associam o nome de Lula
ao irmão e ao compadre alcançados pela Operação Navalha,
tão parecido com as intrigas políticas que se valem da imprensa, é a
amostra, para uso externo, da perda
de controle que atinge a Polícia Federal na sua primeira era de eficiência e prestígio. Tudo o que a liberação dosada pela PF proporcionou
até agora - quase a mesma coisa
com mudança irrelevantes - já era
do seu conhecimento antes da divulgação inicial das gravações comprometedoras. Mas a origem do descontrole e seus frutos não está na
PF. Está em decisões e autorizações
do próprio Lula.
Só agora, passados três meses desde a confirmação de sua escolha para ministro da Justiça, Tarso Genro
afirma, para todos os efeitos, a efetivação do delegado Paulo Lacerda no
trabalho extraordinário que fez na
PF, com o ex-ministro Marcio Thomaz Bastos. A politicagem típica do
serviço público teve muito tempo
para voltar ao predomínio na PF,
com disputas não só pela direção geral. A PF, nesse sentido, voltou ao
seu passado. E mesmo para o experiente Paulo Lacerda a recomposição da obra prejudicada tende a ser
mais problemática do que foi criá-la.
Tanto mais que Tarso Genro já cometeu a imprudência de informar
que, no final do ano, Paulo Lacerda
reexaminará sua permanência. Está
dada, pois, a indicação para a continuidade das disputas perturbadoras.
O antecedente desses erros é outro erro. Lula armou-se de dois articuladores políticos e não tem nenhum. Tarso Genro, na Justiça, continua fazendo tanta política partidária e governista quanto antes, quando foi articulador oficial sem êxito
perceptível. Mares Guia, o novo articulador oficial, pode ser oficial, mas
articulador nunca será, quando
muito veicula cobranças de cargos e
outras vantagens. Com isso, o Ministério da Justiça e sua Polícia Federal ganharam um político em lugar de um ministro e a articulação
política permanece, desde o primeiro dia do primeiro mandato, como
simples agência de intermediação
de empregos mais conhecidos como
bocas-ricas.
Como tempero para esse prato
cheio, a Polícia Federal tem um motivo substancioso de desagrado com
Lula, para não dizer o que parece
existir de fato. Certa ou excessiva a
reivindicação de aumentos e equiparações da PF, o fato é que o governo comprometeu-se a dar 30% de
reajuste neste ano, e seguiu sua norma de não cumprir os compromissos. Fez outro, mas não resolveu o
problema.
Os Ministérios da Justiça e das
Relações Exteriores foram as duas
áreas em que o governo Lula representou inovação, e não mero espichamento do governo de Fernando
Henrique Cardoso. A inovação está
ameaçada de reduzir-se à metade.
No sangue
Mesmo com toda a onda feita a
propósito de Genival Inácio da Silva, a Polícia Federal diz que esse irmão de Lula até recebia uns trocados, mas não cumpria as promessas
feitas. Ah, explicam-me, então não
é crime: é genético.
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