São Paulo, domingo, 10 de junho de 2007

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Obra custou R$ 443 mi antes mesmo de começar

PAC prevê mais R$ 5 bi nos dois eixos da transposição

DA ENVIADA A CABROBÓ

Até o dia da chegada do Exército a Cabrobó (PE) -e antes, portanto, de começar a obra-, o governo federal já havia gasto com a transposição das águas do rio São Francisco R$ 443 milhões, mais do que o dobro do custo das ações de revitalização do rio no mesmo período, de R$ 200 milhões, mostra pesquisa feita no Siafi (sistema informatizado de acompanhamento de gastos federais).
O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) prevê aplicar mais R$ 5 bilhões nos dois eixos da transposição até 2010, último ano de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A maior parte desse dinheiro irá para as empresas privadas que disputam os 14 lotes em que a obra foi dividida na superlicitação de R$ 3,3 bilhões. O resultado do negócio deverá ser anunciado até agosto.

Gastos
A pedido da Folha, a organização não-governamental Contas Abertas pesquisou os gastos públicos com a transposição e com ações da revitalização do rio entre 2005 -ano em que o presidente Lula pretendia começar a obra- e a última segunda-feira, véspera do dia em que ela oficialmente teve início. Nesse período, os gastos com a revitalização do rio São Francisco seriam acelerados para conter principais reações contrárias ao projeto.
Foram consideradas despesas pagas e aquelas inscritas como restos a pagar -quando o dinheiro já foi comprometido, mas as contas ainda não foram quitadas. Ainda falta pagar, por exemplo, cerca de R$ 37 milhões já comprometidos no pagamento de desapropriação de terras no caminho da obra.

Obras complementares
Segundo o Ministério da Integração Nacional, parte dos gastos contabilizados oficialmente no projeto de transposição foi dinheiro aplicado em outras obras complementares, como o canal do sertão alagoano (da construtora Gautama, sob investigação da Polícia Federal) e do canal da Integração.
As operações foram autorizadas em 2005, na gestão do ex-ministro Ciro Gomes, porque havia dinheiro disponível em caixa e que não podia ser gasto com a transposição, cuja obra encontrava-se paralisada pela Justiça à época.
O dinheiro da transposição também foi aplicado na construção de cisternas no semi-árido. Uma fatia de aproximadamente R$ 30 milhões coube ao Exército, para a compra de equipamentos.
Cerca de R$ 18 milhões já teriam sido pagos ao consórcio Logos-Concremat, contratado para gerenciar a transposição, de acordo com informações do Ministério da Integração Nacional. (MARTA SALOMON)


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