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Obra custou R$ 443 mi antes mesmo de começar
PAC prevê mais R$ 5 bi nos dois eixos da transposição
DA ENVIADA A CABROBÓ
Até o dia da chegada do Exército a Cabrobó (PE) -e antes,
portanto, de começar a obra-,
o governo federal já havia gasto
com a transposição das águas
do rio São Francisco R$ 443
milhões, mais do que o dobro
do custo das ações de revitalização do rio no mesmo período,
de R$ 200 milhões, mostra pesquisa feita no Siafi (sistema informatizado de acompanhamento de gastos federais).
O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) prevê
aplicar mais R$ 5 bilhões nos
dois eixos da transposição até
2010, último ano de mandato
do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva.
A maior parte desse dinheiro
irá para as empresas privadas
que disputam os 14 lotes em
que a obra foi dividida na superlicitação de R$ 3,3 bilhões.
O resultado do negócio deverá
ser anunciado até agosto.
Gastos
A pedido da Folha, a organização não-governamental
Contas Abertas pesquisou os
gastos públicos com a transposição e com ações da revitalização do rio entre 2005 -ano em
que o presidente Lula pretendia começar a obra- e a última
segunda-feira, véspera do dia
em que ela oficialmente teve
início. Nesse período, os gastos
com a revitalização do rio São
Francisco seriam acelerados
para conter principais reações
contrárias ao projeto.
Foram consideradas despesas pagas e aquelas inscritas como restos a pagar -quando o
dinheiro já foi comprometido,
mas as contas ainda não foram
quitadas. Ainda falta pagar, por
exemplo, cerca de R$ 37 milhões já comprometidos no pagamento de desapropriação de
terras no caminho da obra.
Obras complementares
Segundo o Ministério da Integração Nacional, parte dos
gastos contabilizados oficialmente no projeto de transposição foi dinheiro aplicado em
outras obras complementares,
como o canal do sertão alagoano (da construtora Gautama,
sob investigação da Polícia Federal) e do canal da Integração.
As operações foram autorizadas em 2005, na gestão do ex-ministro Ciro Gomes, porque
havia dinheiro disponível em
caixa e que não podia ser gasto
com a transposição, cuja obra
encontrava-se paralisada pela
Justiça à época.
O dinheiro da transposição
também foi aplicado na construção de cisternas no semi-árido. Uma fatia de aproximadamente R$ 30 milhões coube ao Exército, para a compra de
equipamentos.
Cerca de R$ 18 milhões já teriam sido pagos ao consórcio
Logos-Concremat, contratado
para gerenciar a transposição,
de acordo com informações do
Ministério da Integração Nacional.
(MARTA SALOMON)
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