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Bispo de Barra se junta a índios na oposição à obra
Luiz Cappio fez greve de fome contra transposição
DA ENVIADA ESPECIAL A CABROBÓ
A poucos quilômetros de onde começa a transposição do rio
São Francisco, não há movimento na capela onde o bispo
de Barra (BA), frei Luiz Cappio,
tentou barrar a obra com uma
greve de fome, quase dois anos
atrás. Embora não tenha voltado à cidade para a ocasião da
chegada do Exército, o bispo
promete novos protestos.
Contará com apoio de índios
truká, cuja aldeia fica a apenas
600 metros do ponto de captação das águas do eixo norte.
Maiores adversários da obra na
região, eles cogitam acampar
nas vizinhanças do canteiro de
obras, em protesto contra a suposta diminuição do volume de
água do rio e conseqüente prejuízo à pesca e à agricultura.
"Puseram o Exército para ficar
mais difícil o confronto", imagina Francisco Truká, uma das
lideranças da tribo.
Por telefone, o bispo de Barra
disse que se sente "indignado e
traído" porque o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva decidiu levar o projeto adiante assim que o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu o
efeito das ações que paralisaram a obra por um ano, na seqüência do "jejum" de 11 dias de
frei Cappio, em Cabrobó.
"Essa obra não vai dar certo,
o interesse é mais pelo dinheiro
que vai rolar, como a gente vê
na Operação Navalha", criticou
o bispo, numa referência ao esquema de desvio de verbas, segundo a Polícia Federal, comandado pela construtora
Gautama, uma das que disputam um dos 14 lotes da obra da
transposição. "É mais uma torneira aberta para o dinheiro
público", atacou.
No município de Cabrobó,
com exceção dos índios truká,
os testemunhos colhidos pela
Folha sugerem o isolamento
do bispo, ainda que os moradores tenham uma idéia bastante
vaga do que seja a transposição.
"Com certeza,o bispo está isolado, o clima é positivo", diz o
prefeito Euder Caldas (PTB),
entusiasmado com melhorias
que o projeto promete trazer.
Caso vingue, a mobilização
planejada pelo bispo de Barra e
apoiada pelos truká poderá alcançar o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional)
na caravana que fará até o local
das obras, na semana que vem.
A vinda de Lula está para ser
confirmada nos próximos dias.
(MARTA SALOMON)
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