São Paulo, quarta-feira, 10 de junho de 2009

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Cartórios têm origem na Suméria

HÉLIO SCHWARTSMAN
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Já se tornou clichê afirmar que os cartórios brasileiros são uma herança colonial lusitana. Na verdade, suas origens são muito mais antigas. Trata-se de uma relíquia suméria.
Essa civilização não só inventou a escrita em fins do 4º milênio a.C. como também criou o primeiro sistema de autenticação cartorial: escribas davam "fé pública" a documentos apondo-lhes inscrições especiais -os primeiros "carimbos" da história.
Foram os romanos, porém, que deram um arranjo mais sistemático às práticas notariais, que em grandes linhas permanece o mesmo até hoje.
Separaram os registros públicos dos privados. Os primeiros, que envolviam assuntos ligados às cortes, eram feitos pelos "notarii" -um cargo público. Já questões privadas, como a inscrição de acordos consensuais e testamentos, costumava ser exercida pelos "tabelliones".
Outro mito que cerca os cartórios é dizer que eles existem apenas no Brasil. Na verdade, existem em quase todos os países europeus e de colonização europeia. O que muda é o número de vezes que se exige que o cidadão visite um tabelião e alimente sua caixa registradora.
Reconhecer firma até para comprar um carro e autenticar cópias de certidões oficiais são práticas que pareceriam exóticas no mundo civilizado, onde você é você até prova em contrário e faxes têm o mesmo valor de originais.
Durante boa parte de sua longa história, os cartórios atuaram para simplificar a vida das pessoas, dando publicidade a atos oficiais, registros e evitando que todos tivessem de comparecer diante de um magistrado para tudo.
Resta saber se, em tempos de internet, em que registros ilimitados podem ser mantidos a custo irrisório por um único escritório, a estrutura cartorial herdada do Império Romano facilita ou embaraça a vida do cidadão.


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