São Paulo, Quinta-feira, 10 de Junho de 1999
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PAINEL

Fantasma das fitas

Virtude que contribuiu decisivamente para a escolha do delegado João Batista Campelo para dirigir a Polícia Federal: é inimigo visceral de Vicente Chelotti, o ex-diretor da PF que sempre insinuou ter o Planalto na mão.

Rodízio federal

A crise só muda de prédio na Esplanada dos Ministérios. A queda-de-braço na Polícia Federal foi apenas a última. Neste ano, entre os civis, por enquanto, só escaparam Sarney Filho (Meio Ambiente), Dornelles (Trabalho) e Bresser Pereira (Ciência e Tecnologia).

Por baixo dos panos

A crise na sucessão da PF deu ao palácio a dimensão exata da união do PMDB: choveram telefonemas de senadores e de deputados do partido condenando a maneira como os líderes conduziram o problema, pondo em xeque a autoridade de FHC.

Crise desnecessária

Campelo encabeçava a primeira lista de indicações de Renan Calheiros (Justiça) para a PF. Mas o PMDB achou em seguida que, na disputa com os tucanos, efetivar o interino Jacine seria mais fácil. Armado o barraco, FHC voltou à sugestão inicial.

Deslize juvenil

Ironia: o delegado Marcelo Itagiba, que participou da elaboração do primeiro programa de governo de FHC, é tucano e nessa condição foi indicado para dirigir a PF. Mas só foi filiado ao PMDB, partido que bombardeou sua nomeação, aos 18 anos.

Na defensiva

FHC e Covas ocupam quase a metade dos 20 minutos do programa de TV que o PSDB veicula hoje à noite. Tema: a integridade moral dos tucanos. "Tem tucano alto, gordo, magro. Só não tem tucano corrupto", diz Covas.

Prioridade ministerial

A pedido de Paulo Renato, o diretor-geral do fundo de valorização do magistério, Ulysses Semeguini, vai se deslocar para Fortaleza. Objetivo: auxiliar a CPI cearense que apura desvio de recursos do Fundef.

Recuo à vista

O depoimento de Pimenta da Veiga (Comunicações), defendendo limite de 20% para o capital estrangeiro em empresas de comunicação, balançou o relator da emenda sobre o tema, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que queria exigir só que o capital nacional fosse majoritário.

Ganhando tempo

Henrique Alves vai pedir mais dez sessões de prazo para apresentar o relatório da emenda que permite capital estrangeiro nas empresas de comunicação. Ele estuda uma forma de separar a mídia impressa, que teria limites mais flexíveis, de rádios e TVs.

No páreo de Marta

O ex-vereador Chico Whitaker, hoje no comando de uma ONG sobre fiscalização da honestidade parlamentar, comunicou ontem ao PT paulistano que é candidato à sucessão de Pitta.

Pelo sim, pelo não

Apesar de ontem à tarde ter subestimado o que Andrade Vieira (ex-dono do Bamerindus) teria a dizer na CPI dos Bancos, ACM conduziu a passo de tartaruga a sessão do Senado que antecedeu o depoimento, atrasando-o em duas horas. A obstrução da oposição acabou por ajudá-lo.

Polêmica jurídica 1

O advogado Celso Bastos concorda com a absorção da Justiça do Trabalho pela Federal. Mas acha que o Judiciário só ganhará agilidade "caso evite que o instrumentalizem para fins subalternos". Como com o uso, diz, de recursos protelatórios.

Polêmica jurídica 2

Fábio Konder Comparato acredita que a proposta de reforma do Judiciário acabará inevitavelmente afetando os direitos trabalhistas. O Brasil estaria recuando de compromissos assumidos como signatário de acordos internacionais.

TIROTEIO

Do deputado federal Jutahy Júnior (PSDB-BA), sobre Reginaldo de Castro (OAB) ter dito que Aloysio Nunes Ferreira não poderia propor uma Justiça "ágil e capaz de extirpar a impunidade" por ter participado do governo responsável pelo massacre do Carandiru:
- É uma grosseria injustificável. Demonstra sua incapacidade de discutir idéias no campo democrático e o desqualifica como interlocutor na reforma do Judiciário.

CONTRAPONTO

Habeas corpus preventivo
Na campanha do ano passado, o deputado estadual Paulo Teixeira (PT) foi a uma festa na favela paulistana de Heliópolis.
Quando chegou, por volta das 24h, muitas pessoas já haviam exagerado na bebida. A uma delas, sindicalista e líder local, Teixeira pediu apoio. Visivelmente alto, respondeu que o apoiaria, mas condicionou:
- Você tem que vir comigo à minha casa agora.
Teixeira achou estranho, mas concordou.
Ao chegarem, e ao fim de longas pancadas na porta, alguém respondeu do lado de dentro:
- O que você quer a essa hora?
E o sindicalista:
- Abre a porta, mulher. Eu tô com o deputado.
Os dois entraram. A mulher e o sindicalista ficaram se olhando em silêncio. Ela em seguida voltou para o quarto.
O sindicalista então virou-se para Teixeira:
- Obrigado, deputado. O sr. vai ter o meu voto.


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