São Paulo, Quinta-feira, 10 de Junho de 1999 |
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GOVERNO Ministro da Justiça diz que não aceita interferência da Casa Militar Derrotado, Renan volta a enfrentar general Cardoso
ABNOR GONDIM da Sucursal de Brasília Um dia depois de ter sido derrotado na indicação do novo diretor-geral da Polícia Federal, o ministro Renan Calheiros (Justiça) disse ontem que não irá aceitar que o ministro-chefe da Casa Militar, general Alberto Cardoso, invada competências da PF, como a área de repressão ao narcotráfico. O general foi acusado pelo PMDB, partido do ministro, de ter vetado a efetivação do diretor interino Wantuir Jacini, indicado por Renan. Anteontem, o presidente Fernando Henrique Cardoso escolheu o delegado federal aposentado João Campelo. A nomeação contou com o apoio do presidente nacional do PMDB, senador Jader Barbalho (PA). "O general tem a sua competência, e eu tenho a minha competência. Essa insistência não resolve nada, porque eu não vou cuidar de invadir competência do general nem vou aceitar que o general invada a minha competência", disse Renan Calheiros. O ministro descartou que Campelo vá se encontrar com o general para tratar sobre repressão ao narcotráfico, cuja coordenação é reivindicada pela Casa Militar desde a criação da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) em 98. Cardoso não quis comentar as declarações de Renan. O porta-voz da Presidência, Georges Lamazière, disse que Campelo foi escolhido por FHC. Segundo ele, o general Cardoso foi informado sobre a decisão e está de acordo. Lamazière disse que a escolha de FHC não seguiu indicações políticas. O ministro reconheceu, entretanto, a necessidade de delimitar as atribuições da Casa Militar e da PF. Afirmou desconhecer projeto da Casa Militar para criar no Ministério das Relações Exteriores um departamento responsável por documentos de estrangeiros, outra atribuição da PF. "Na conversa que nós tivemos (anteontem à noite), o presidente falou na necessidade de delimitar atribuições. Essa responsabilidade realmente não compete a mim", afirmou Renan Calheiros. O ministro afirmou que novo diretor da PF foi uma "solução de comum acordo" tomada com FHC. O veto de Cardoso a Jacini é atribuído ao fato de ele ter sido suspenso por 30 dias em 1986 por suposta negligência em um caso de contrabando e por ter ligações com ex-diretor Vicente Chelotti, exonerado em março passado e criticado nos meios militares. Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Professor diz ter sido torturado Índice |
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