São Paulo, Segunda-feira, 10 de Julho de 2000
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Filho de ex-ouvidor da Anatel tem TV

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério das Comunicações abriu um processo administrativo para apurar denúncias de veiculação de publicidade na TV Ubá, em Minas Gerais.
A TV Ubá é uma emissora educativa, portanto, proibida por lei de divulgar publicidade. Ela é comandada por Daniel Coelho, filho de Saulo Coelho, que era ouvidor da Anatel até a semana passada, quando assumiu uma cadeira na Câmara pelo PSDB de Minas Gerais, no lugar de Ademir Lucas, que se licenciou para ser candidato a prefeito de Contagem (MG).
A Anatel é o órgão responsável pela fiscalização das emissoras de TV. Coelho, como ouvidor, era responsável por receber as denúncias de irregularidades.
A TV Ubá, que hoje é uma retransmissora, é uma das 300 que buscam se tornar geradoras.
A denúncia foi publicada na edição de junho da revista "Carta Capital". Na reportagem, um funcionário da emissora admite que existe venda de espaço publicitário. Ele ainda mostra uma tabela em que a veiculação de 30 segundos, seis vezes ao dia, sai por R$ 700 mensais.
O funcionário afirma ainda que a emissora transmite propagandas de cigarro e bebidas alcoólicas, o que não é permitido nas TVs educativas.
De acordo com o secretário nacional de Radiodifusão, Paulo Minicucci, o primeiro passo do processo é analisar o conteúdo da programação da TV Ubá.
Caso seja comprovada a veiculação de material publicitário, a emissora será multada, terá a programação suspensa por até 30 dias e, em caso de reincidência, a cassação da concessão.
Outro ponto a ser investigado pela secretaria é a qualidade da programação gerada pela TV Ubá. Segundo Minicucci, há a suspeita de que a programação não mantenha o caráter educativo previsto na concessão.

"Vou pouco a Ubá"
Coelho declarou que foi ele próprio quem pediu a Minicucci a abertura do processo. "A denúncia tem de ser apurada. Se tiver alguma coisa de errado feita por meu filho, tem de ser punido."
O deputado disse não ter relações com a emissora, que é controlada pela Fundação Ubaense de Educação e Cultura, presidida por seu filho. "Moro em Brasília, vou pouco a Ubá. Por isso, não sei se há problemas na TV e defendo a apuração."
O presidente da fundação que administra a emissora, Daniel Coelho, não foi encontrado para comentar o assunto. (OC)


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