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Para o governo, números estão defasados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo brasileiro não concorda com a maior parte dos dados usados pelo Pnud (Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento) para fazer o relatório
do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) deste ano.
A principal alegação é que os
números estão defasados ou não
correspondem aos índices levantados no país.
O Ministério da Educação pediu
ao Pnud informações sobre a metodologia da pesquisa para poder
responder o relatório. Segundo o
ministério, os números usados no
IDH são diferentes daqueles tidos
como referência pelo governo.
O analfabetismo, por exemplo,
aparece no relatório do IDH como sendo de 15,1% para 1999. Os
dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), levantados pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) também naquele ano, apresentam uma taxa de 13,3%.
Já a taxa bruta de escolarização
nos três níveis de ensino (fundamental, médio e superior) também não é a mesma. Enquanto o
IDH aponta 80% de matrícula
bruta para os três níveis, os dados
do Inep (Instituto Nacional de
Pesquisas Educacionais), órgão ligado ao ministério, mostram que
a taxa é de 76,5%, usando a faixa
etária entre 7 e 24 anos.
O Ministério da Saúde também
considera que os números, em alguns casos, estão defasados e que
o governo já trabalha com informações mais atualizadas.
Um exemplo é a mortalidade
infantil. O relatório do IDH usa
um número de 1999, de 34,8 mortes por mil nascidos vivos, dado
semelhante ao apontado pelo IBGE para o mesmo ano.
Mas o ministério já tem um levantamento de 2000 que aponta
33,6 mortes por mil nascidos vivos. A estimativa para este ano está em torno de 32 por mil.
Em relação à expectativa de vida
ao nascer, os números do IDH e
os do IBGE têm divergência. O relatório do Pnud informa que a expectativa está em 67,5 anos, dado
referente a 1999, enquanto o IBGE
apresenta 68,4 anos em igual ano.
Um dos pontos fracos do Brasil
no relatório, o percentual do PIB
(Produto Interno Bruto, soma
dos bens e serviços produzidos no
país) gasto com a saúde, não reflete a realidade, de acordo com o
governo federal. O documento
mostra que o Brasil teria gasto
2,9% do PIB nessa área em 1999.
Há dez anos, o percentual seria
praticamente o mesmo, 3,0%.
"Isso não reflete a evolução dos
gastos. A despesa real cresceu
muito de 1994 para cá", afirmou o
ministro da Saúde, José Serra.
Segundo o ministro, em 1990, o
Brasil enfrentava uma hiperinflação e, por isso, fica difícil fazer
uma comparação. "É um período
muito extenso. A realidade é muito diferente", afirmou.
O ministro não quis comentar
os demais dados alegando não conhecer o relatório que será divulgado hoje pelo Pnud. "O Brasil
melhorou, não há dúvidas, mas
precisa relativizar direito", disse.
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