São Paulo, domingo, 10 de julho de 2005

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Valério lidera ranking de sacadores da DNA

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) sobre os R$ 20,9 milhões sacados em espécie nas contas da SMPB Comunicação e DNA Propaganda identifica entre os 13 nomes liberados pelo órgão do Ministério da Fazenda o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, que é um dos sócios das agências, e mais dois funcionários dele como os sacadores das maiores quantias.
Valério, apontado pelo deputado Roberto Jefferson como operador do suposto "mensalão" aparece na listagem do Coaf como o responsável pelo maior volume sacado entre julho de 2003 e maio passado: R$ 1.555.523,77, sempre na conta da DNA no Banco Rural.
Depois dele figuram dois funcionários da mesma agência: o diretor financeiro Paulino Alves Ribeiro Júnior e Júlio César Marques Cassão, que trabalha no setor administrativo da empresa e reside na periferia de Belo Horizonte. Ambos são responsáveis pelo saque de R$ 800 mil cada um na conta da DNA no Rural.
Estão na lista ao menos mais duas pessoas com ligações diretas com as agências de Valério. O gerente financeiro da filial da DNA em Brasília, Robson Ferreira Pego, e Márcio Hiram Guimarães Novaes, ex-diretor na DNA e sócio de Valério na Estratégica Marketing e Promoção.
Consta no relatório que Valério e Hiram sacaram da conta da Estratégica no Banco Rural, em 30 de Julho de 2004, R$ 140 mil.
O Coaf também registrou os nomes de mais três funcionários da SMPB, a outra agência de onde foram sacadas vultosas quantias de dinheiro: Geiza dos Santos, do setor financeiro, seria responsável pelos provisionamentos (reservas) dos saques; Simone Vasconcelos, diretora financeira, aparece como responsável pelos depósitos. Um deles, de R$ 413,9 mil.
Alessandro Ferreira dos Santos, do setor de expedição da agência, é citado pelo Coaf como depositante em dinheiro no Banco do Brasil de R$ 185 mil.
Outro sacador relacionado pelo Coaf é o jornalista Gilberto Mansur, que aparece como responsável pela retirada de R$ 300 mil da conta da DNA no Rural em 24 de março de 2004.
O jornalista afirmou ter intermediado encontros, em setembro do ano passado, entre Valério e o presidente da Editora Três, Domingos Alzugaray, que edita a revista "IstoÉ Dinheiro". Valério disse à CPI ter pedido a Mansur que marcasse as reuniões, para que desse sua versão sobre as denúncias de sua ex-secretária Fernanda Karina Somaggio, que havia dado entrevista à revista.
Mansur afirmou que o saque foi referente a serviços prestados por sua empresa à SMPB.
A lista traz mais uma série de nomes encobertos por tarjas pretas. A explicação do Coaf é que não eram alvo de pedidos de quebra de sigilos.
Dos outros nomes listados, Alexandre Vasconcelos de Castro, que administra uma factoring na capital mineira, escondida na sobreloja de uma bicicletaria, sacou R$ 120 mil da conta da SMPB no Rural e mais R$ 620 mil de uma conta na agência do ABN AMRO. Em depoimento à Polícia Federal, Castro disse ter feito os saques a pedido do estilista Evaldo Thibau, de quem disse ser amigo.
À PF, Thibau, que não aparece como um dos sacadores na lista do Coaf, confirmou a amizade com Castro, mas negou participação. Este, por sua vez, tem um processo de execução de dívida não paga (aluguel de um imóvel) de R$ 300 mil contra Jonas de Pinho, que aparece na lista como sacador de R$ 152,6 mil em 2003 na conta da SMPB no Rural. Acontece que Jonas de Pinho, pelo que consta no processo no Fórum de Belo Horizonte, já estava morto pelo menos desde março de 2000.
O seu filho, Jonas Pinho Jr., não foi localizado. Os advogados de Castro e de Thibau disseram que eles não querem se manifestar.
A SMPB e a DNA também não quiseram se manifestar.

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