São Paulo, domingo, 10 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PUBLICIDADE

Sergio Esser nega vínculo com Valério; em 2004, agências do empresário concentraram mais de 50% das verbas de propaganda oficial no Estado

Governo Aécio emprega ex-diretor da SMPB

FREDERICO VASCONCELOS
EM BELO HORIZONTE

O segundo homem da área de comunicação do governo Aécio Neves (PSDB), o publicitário e jornalista Sérgio Esser, 50, foi diretor da agência SMPB e diretor de marketing do Banco Rural antes de assumir a função de secretário-executivo na pasta encarregada da verba e das campanhas publicitárias do governo mineiro.
"A minha presença no governo se deve ao trabalho profissional e à experiência na administração direta. Os que me conhecem sabem que minha conduta é profissional e ética", diz Esser.
Ele admite que as suspeitas envolvendo as empresas onde trabalhou provoquem questionamentos sobre sua presença no governo. Seu caso evidencia que as denúncias do suposto "mensalão" respingam no governo tucano.
Em 2004, as agências SMPB e DNA abiscoitaram mais de 50% da verba de R$ 30 milhões de publicidade do governo estadual. Esses contratos foram prorrogados, com aditamentos de 25%. A entrada de Esser, em dezembro, coincidiu com os preparativos da nova licitação, em curso, com verba ampliada para R$ 55 milhões, para promover um governo cujo titular poderá disputar a reeleição, o Senado ou a Presidência.
A SMPB e a DNA participam da nova disputa. Não há impedimento legal, apesar de as agências terem os sigilos bancário e fiscal quebrados pela Justiça Federal, suspeitas de lavagem de dinheiro.
"Nós estamos investigando todos os contratos dessas agências com o Estado de Minas Gerais e com outros órgãos públicos", diz Leonardo Barbabella, promotor do Patrimônio Público.
O "mensalão" trouxe à tona uma ação civil pública que envolve, entre outros, o ex-governador Eduardo Azeredo (atual presidente do PSDB), dirigentes da SMPB, o vice-governador mineiro Clésio Andrade e o subsecretário estadual de Comunicação, Eduardo Pereira Guedes Neto.
Eles são acusados de improbidade administrativa por promoverem, em 1998, a transferência de R$ 3 milhões da Comig (Companhia Mineradora de Minas Gerais) e da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) para a SMPB, com o fim de patrocinar um evento, sem licitação. A SMPB participava da campanha eleitoral de Azeredo e de Clésio, candidatos a governador e vice.
Até vinte dias antes da operação, Clésio controlava a Holding Brasil S/A, que detinha a maior parte do capital da SMPB. O Ministério Público Federal suspeita de simulação na transferência das quotas da holding que, na semana passada, teve quebrados pela Justiça os sigilos fiscal e bancário.
A aplicação de R$ 1,5 milhão da Comig foi decidida em Assembléia Geral Extraordinária que colocou em votação ofício, com a data da assembléia, enviado por Guedes Neto, propondo o patrocínio do Enduro da Independência, a título de incrementar o turismo. No mesmo dia, a SMPB recebeu R$ 1,5 milhão da Copasa. O dinheiro foi depositado em conta da SMPB no Banco Rural. O MPF pede o rastreamento do dinheiro e o bloqueio cautelar de bens dos acusados em até R$ 12 milhões.

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