São Paulo, domingo, 10 de julho de 2005

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Visita a Brasília Shopping "traumatiza" deputados

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Preocupados com o registro de seus nomes na lista de entrada da torre de escritórios do Brasília Shopping, o que poderia hipoteticamente transformá-los em suspeitos de envolvimento no esquema do "mensalão", parlamentares estão pedindo declarações por escrito a seus dentistas, com sede no local, para protocolá-las na CPI dos Correios.
A motivação é simples. É justamente neste shopping, no centro de Brasília, que fica a agência do Banco Rural -instituição na qual foram detectados, entre julho de 2003 e maio de 2005, saques de R$ 20,5 milhões de empresas ligadas ao publicitário Marcos Valério de Souza.
No shopping, nos últimos meses, deixaram seus nomes na portaria alguns dos suspeitos de participação no suposto esquema de pagamento de mesadas a parlamentares da base aliada.
Entre eles estão o publicitário Marcos Valério, o ex-tesoureiro nacional do PL, Jacinto Lamas, o ex-líder do PMDB na Câmara, José Borba (PR), e o chefe-de-gabinete de José Janene (PP-PR), João Cláudio de Carvalho Genu.
Por conta dessa ligação shopping-"mensalão", parlamentares têm se precavido. Na semana passada, a deputada federal Kátia Abreu (PFL-TO) pediu que seu dentista, cuja clínica fica no mesmo Brasília Shopping, relatasse por escrito as datas de suas consultas no local. No shopping, há duas torres comerciais de 14 andares. O consultório dentário fica em torre oposta à da agência do Banco Rural.
A declaração, emitida na última segunda-feira, foi protocolada no dia seguinte na CPI dos Correios. "Faço, por isso, desde já, esta declaração para prevenir, de forma inequívoca, quaisquer interpretações errôneas ou maldosas explorações que possam prejudicar a minha honra e a condução correta e oposicionista que imprimo no exercício de meu mandato", diz um dos trechos do ofício endereçado ao senador Delcídio Amaral (PT-MS), presidente da comissão.
À época em que as denúncias vieram à tona, a pefelista admite que ficou apreensiva com a possibilidade de seu nome aparecer na lista de supostos envolvidos no caso. "Quando surgiu a denúncia, passei o final de semana com medo de ver meu nome nos jornais. Por isso tive de pedir uma declaração ao meu dentista", disse a deputada.
O senador Leonel Pavan (PSDB-SC) também preferiu se antecipar a qualquer tipo de suspeita. Ele, que a partir desta semana inicia tratamento no mesmo dentista da deputada, já avisou a assessores para providenciarem a mesma declaração e encaminhá-la a seguir à CPI.

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