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Visita a Brasília Shopping "traumatiza" deputados
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Preocupados com o registro de
seus nomes na lista de entrada
da torre de escritórios do Brasília
Shopping, o que poderia hipoteticamente transformá-los em
suspeitos de envolvimento no
esquema do "mensalão", parlamentares estão pedindo declarações por escrito a seus dentistas,
com sede no local, para protocolá-las na CPI dos Correios.
A motivação é simples. É justamente neste shopping, no centro
de Brasília, que fica a agência do
Banco Rural -instituição na
qual foram detectados, entre julho de 2003 e maio de 2005, saques de R$ 20,5 milhões de empresas ligadas ao publicitário
Marcos Valério de Souza.
No shopping, nos últimos meses, deixaram seus nomes na
portaria alguns dos suspeitos de
participação no suposto esquema de pagamento de mesadas a
parlamentares da base aliada.
Entre eles estão o publicitário
Marcos Valério, o ex-tesoureiro
nacional do PL, Jacinto Lamas, o
ex-líder do PMDB na Câmara,
José Borba (PR), e o chefe-de-gabinete de José Janene (PP-PR),
João Cláudio de Carvalho Genu.
Por conta dessa ligação shopping-"mensalão", parlamentares têm se precavido. Na semana
passada, a deputada federal Kátia Abreu (PFL-TO) pediu que
seu dentista, cuja clínica fica no
mesmo Brasília Shopping, relatasse por escrito as datas de suas
consultas no local. No shopping,
há duas torres comerciais de 14
andares. O consultório dentário
fica em torre oposta à da agência
do Banco Rural.
A declaração, emitida na última segunda-feira, foi protocolada no dia seguinte na CPI dos
Correios. "Faço, por isso, desde
já, esta declaração para prevenir,
de forma inequívoca, quaisquer
interpretações errôneas ou maldosas explorações que possam
prejudicar a minha honra e a
condução correta e oposicionista que imprimo no exercício de
meu mandato", diz um dos trechos do ofício endereçado ao senador Delcídio Amaral (PT-MS), presidente da comissão.
À época em que as denúncias
vieram à tona, a pefelista admite
que ficou apreensiva com a possibilidade de seu nome aparecer
na lista de supostos envolvidos
no caso. "Quando surgiu a denúncia, passei o final de semana
com medo de ver meu nome nos
jornais. Por isso tive de pedir
uma declaração ao meu dentista", disse a deputada.
O senador Leonel Pavan
(PSDB-SC) também preferiu se
antecipar a qualquer tipo de suspeita. Ele, que a partir desta semana inicia tratamento no mesmo dentista da deputada, já avisou a assessores para providenciarem a mesma declaração e
encaminhá-la a seguir à CPI.
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